Garimpo e Conflitos Territoriais: A Terrível Realidade de Cumaru do Norte, a Cidade Mais Violenta da Amazônia
2024-12-11
Autor: Pedro
Cumaru do Norte, um município localizado no sudeste do Pará, com cerca de 14 mil habitantes, se destaca como a cidade mais violenta da Amazônia Legal. Nos últimos três anos (2021-2023), a cidade registrou a maior taxa de mortes violentas da região, refletindo um cenário alarmante de conflitos entre garimpeiros e comunidades indígenas, além de desmatamento ilegal.
Na semana passada, a jovem Kamila de Jesus foi tragicamente assassinada dentro de um garimpo situado na Terra Indígena Kayapó, que já sofreu diversas operações da Polícia Federal (PF), sem que a situação tenha se amenizado. Esse incidente reforça a gravidade dos conflitos fundiários na região, onde a exploração desenfreada de recursos naturais se tornou um problema tanto econômico quanto social, alimentando um ciclo de violência.
O estudo intitulado “Cartografia das Violências na Amazônia”, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto Mãe Crioula (IMC), revelou que, embora 260 cidades na Amazônia estejam sob a influência de facções criminosas, Cumaru do Norte não é uma delas. Essa ausência de identificação de facções corroboram a visão de que a violência é impulsionada principalmente pelo garimpo ilegal e pelos conflitos de terra.
Em resposta a essa realidade alarmante, o Conselho de Segurança Nacional criou o Projeto Cumaru, que visa combater o contrabando de ouro e proporcionar assistência aos garimpeiros, além de buscar soluções para evitar conflitos com os indígenas.
A Prefeitura da cidade também enfrenta desafios com a extração ilegal de madeira, e a situação é tão crítica que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) classifica a realidade em Cumaru como nível 4 em uma escala de 1 a 5, onde 5 representa uma situação crítica.
As altas taxas de violência em Cumaru do Norte são acompanhadas por outra realidade inquietante: um aumento de 46% no número de cidades da Amazônia com facções criminosas, comparado ao ano anterior. O estudo também destaca uma interligação crescente entre narcotráfico e crimes ambientais.
É importante mencionar que a facção Comando Vermelho já está presente em 130 municípios da Amazônia, enquanto o Primeiro Comando da Capital (PCC) atua em 28 cidades. Além deles, grupos autônomos, como a Tropa do Castelar e os Piratas do Solimões, intensificam ainda mais o cenário de criminalidade na região.
A lista das 10 cidades com as maiores taxas trienais (2021-2023) de mortes violentas intencionais na Amazônia Legal é alarmante, com Cumaru do Norte em primeiro lugar, seguido por Abel Figueiredo, Mocajuba e Novo Progresso. A Amazônia Legal, que abrange os estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão, enfrenta tempos sombrios com o crescimento contínuo da violência e a degradação ambiental.
A situação em Cumaru do Norte é um retrato da luta pela sobrevivência de comunidades e do meio ambiente em um contexto onde o garimpo, o desmatamento e a falta de segurança caminham lado a lado. A sociedade civil e as autoridades precisam agir urgentemente para mudar essa narrativa e proteger os que vivem nas sombras da exploração e da violência.