Os dias de glória do X, antiga plataforma Twitter, nas campanhas publicitárias do governo federal podem ter chegado ao fim. Após uma série de ataques do proprietário da plataforma, Elon Musk, ao ministro Alexandre de Moraes e ao próprio presidente Lula, a verba destinada a anúncios na rede social despencou drasticamente.

Em 2023, o X figurava como a quinta maior plataforma beneficiada pelo governo, recebendo cerca de R$ 8 milhões para divulgar ações da administração petista. O aporto financeiro englobava campanhas da Secom (Secretaria de Comunicação Social) e dos ministérios. No ano anterior, cerca de R$ 5 milhões foram direcionados ao X, principalmente para campanhas de combate às fake news e vacinação contra Covid e dengue.

Contudo, em 2024, a situação mudou: a plataforma agora se posiciona apenas como a 24ª maior beneficiada, com apenas R$ 325 mil em verbas publicitárias. As últimas inserções do governo datam de abril. Na sequência, a primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, não hesitou em revidar a Musk durante uma conferência do G20, proferindo: 'Fuck you, Elon Musk', o que desencadeou uma série de reações nas redes sociais.

Minutos após o comentário de Janja, Musk se apressou em responder, insinuando que o governo perderia a próxima eleição, utilizando emojis de risadas. Apesar das polêmicas, os dados de uma plataforma da Secom em 7 de novembro revelam que as cifras de publicidade não incluem repasses de estatais, como a Petrobras.

De acordo com informações não confirmadas, o governo Lula decidiu suspender a verba do X em razão do agravamento de tensões entre Musk e autoridades brasileiras. Em uma recente investigação, o ministro Moraes incluiu Musk na lista de investigados por possíveis crimes relacionados a milícias digitais e obstrução de justiça.

Este embate virou um assunto central entre setores da direita, mobilizando protestos contra o STF e Jair Bolsonaro (PL). Em agosto, Moraes havia determinado a suspensão total do X no Brasil, justificando que havia desrespeito às decisões judiciais. Em uma resposta provocativa, Musk o chamou de 'ditador' e disse que Lula estava 'em uma coleira'.

Após um tempo afastado, o X voltou a operar no Brasil em outubro, após Musk pagar uma multa de R$ 28,6 milhões e se comprometer a seguir as determinações judiciais. A decisão do governo em cortar verbas publicitárias para a plataforma esteve respaldada por uma norma da Secom que visa coibir anúncios em canais associados à disseminação de notícias falsas.

As críticas de Lula a Musk são constantes. O presidente já enfatizou a importância do respeito mútuo entre países e declarou que a soberania do Brasil não está à venda. "Democracia é diálogo e convivência civilizada entre opostos, não é direito de mentir e provocar ódio", disse em um discurso recente.

Após a polêmica provocada pelas declarações de Janja, Lula manifestou que não se deve ofender ninguém, reiterando seu chamado à civilidade nos debates, sem mencionar diretamente o ataque feito à Musk. Detentor de uma postura controversa e apoiador de Donald Trump, Musk continua sendo uma figura polarizadora em diversos âmbitos, tanto no Brasil quanto em seu país natal.