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Governo se mobiliza para retomar obras da usina nuclear de Angra 3: Quais os desafios e oportunidades?

2024-12-10

Autor: Maria

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) está agindo para finalmente autorizar a retomada da construção de Angra 3, a terceira usina nuclear do Brasil. Localizada no litoral sul do Rio de Janeiro, essa obra está paralisada há mais de 40 anos, e a necessidade de energias limpas e sustentáveis torna sua conclusão cada vez mais urgente. No entanto, a aprovação da resolução que permitiria essa retomada foi adiada devido a divergências entre ministros e questionamentos sobre os efeitos fiscais do projeto.

O ministro Alexandre Silveira, que lidera as discussões, defende a continuidade da obra, considerando a importância estratégica da energia nuclear para o Brasil, especialmente em um cenário de crescente demanda por eletricidade e compromisso com metas de redução de emissões de carbono. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou estudos técnicos e econômicos que visam a estruturação do projeto, detalhando que a desistência poderia representar uma perda brutal de R$ 21 bilhões ao governo.

Desde 2010, cerca de R$ 12 bilhões já foram gastos na construção, o que torna difícil para o governo abrir mão de um investimento tão significativo. É importante destacar que, atualmente, já se completou 67% da obra em termos de progresso físico. Contudo, a finalização da usina demandaria um total de investimentos em torno de R$ 30 bilhões, dos quais a maior parte deverá vir de financiamento privado, aliviando a carga sobre os cofres públicos, que teriam um custo estimado de R$ 1,6 bilhão.

Além do mais, a retomada do projeto reflete uma tendência global de reavaliação da energia nuclear como fonte limpa, especialmente após desastres como o de Fukushima, que levaram muitos países a reconsiderar suas estratégias energéticas. A energia nuclear pode desempenhar um papel fundamental na redução da dependência de combustíveis fósseis e na transição para um modelo energético mais sustentável.

A questão tarifária também será um ponto crucial na discussão. O CNPE deverá aprovar novas diretrizes para o preço da eletricidade gerada por Angra 3, que será cobrada pelas empresas de transmissão e distribuição. Um estudo recente do BNDES apontou que o preço poderia ficar em R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh), alinhando-se à média do segmento térmico no Brasil.

Desde que sua construção começou na década de 1980, Angra 3 enfrentou uma série de atrasos, exacerbados por crises econômicas e por escândalos de corrupção, como os desvendados pela Operação Lava Jato. A situação se tornou tão complexa que o maquinário adquirido na época ainda precisa de cuidados especiais, com processos de manutenção que custam cerca de R$ 1 bilhão por ano apenas para garantir a integridade dos equipamentos.

Os próximos passos do governo serão cruciais para definir não apenas a conclusão da usina, mas também seu papel na matriz energética do Brasil. Com a crescente demanda de energia e a urgência em combater as mudanças climáticas, Angra 3 pode representar uma oportunidade de inovação e sustentabilidade no setor energético do país.