‘Greenhushing’: Descubra por que empresas estão silenciando sobre ações climáticas, mas continuam a adotá-las
2024-11-19
Autor: Ana
Nos últimos anos, o discurso empresarial sobre a urgência da crise climática e a determinação de reduzir as emissões de gases de efeito estufa ganhou força, com muitas empresas prometendo alcançar zero emissões até 2050.
No entanto, esse cenário mudou.
Atualmente, o debate sobre a neutralidade de carbono se tornou um verdadeiro campo de batalha político, especialmente nos Estados Unidos, onde várias legislaturas controladas por republicanos têm pressionado instituições financeiras e corporações que abordam as mudanças climáticas e que fazem compromissos ambiciosos para zerar suas emissões.
Apesar desse cenário desafiador, as empresas e investidores reconhecem os riscos substanciais que as mudanças climáticas representam para a economia e, em muitos casos, continuam a cumprir suas promessas, apenas optando por não divulgá-las publicamente.
O fenômeno conhecido como ‘greenhushing’ – ou silenciamento sobre práticas sustentáveis – tem crescido, especialmente em anos eleitorais polarizados, gerando confusão sobre as ações reais que o setor empresarial está adotando em relação à sustentabilidade.
As empresas estão sentindo o impacto financeiro das mudanças climáticas. Ocorrências extremas, como incêndios florestais devastadores, secas e furacões, resultaram em perdas significativas; por exemplo, cada furacão causado pelas mudanças climáticas pode resultar em danos superiores a 50 bilhões de dólares.
De acordo com a Quinta Avaliação Climática Nacional dos EUA, as mudanças climáticas têm causado uma média anual de 150 bilhões de dólares em prejuízos nos últimos anos. Estima-se que, até 2050, as consequências das mudanças climáticas possam reduzir em 17% o PIB mundial, conforme alertam especialistas e cientistas.
Nesse contexto, governantes e investidores estão começando a perceber que a inação não é uma opção viável. Os signatários do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius, estão enfrentando a pressão crescente para mitigar os efeitos do aquecimento, com organizações e países buscando um limite mais rigoroso de 1,5 graus.
Empresas como Apple, Microsoft e Walmart continuam a reafirmar seus compromissos de alcançar zero emissões líquidas até 2050, e muitas delas têm metas para reduzir suas emissões pela metade até 2030. Essa mudança de enfoque, em um contexto onde o apoio federal pode diminuir, tem levado investidores a buscar soluções sustentáveis de forma mais agressiva.
Em várias partes do mundo, grandes fundos de pensão estão se comprometendo a eliminar as emissões presentes em seus portfólios, seja através da venda de participação em empresas poluentes ou colaborando com elas para implementar mudanças.
Tim Mohin, do Boston Consulting Group, aponta que as companhias comprometidas com a sustentabilidade seguirão em frente, pois percebem benefícios financeiros claros em atuar de forma responsável e evitar riscos, enquanto os investidores estão cada vez mais atentos a novas tecnologias verdes.
Se você achou preocupante essa tendência de ‘greenhushing’, é importante acompanhar como as empresas estão reagindo a esse cenário e as medidas que estão realmente adotando em sua luta contra a crise climática.