
Greve dos entregadores de aplicativo: entenda as reivindicações e o impacto no delivery
2025-04-01
Autor: Mariana
Os entregadores de aplicativos estão em greve nacional desde esta segunda-feira (31), realizando protestos significativos, como uma "motociata" na Grande São Paulo, que alertou a população sobre suas demandas. Como resultado, os pedidos de delivery estão enfrentando atrasos consideráveis e muitos restaurantes decidiram suspender seus serviços de entrega temporariamente. A expectativa é de que a paralisação termine nesta terça-feira (1).
Os trabalhadores exigem um aumento nas taxas pagas, que não são ajustadas há uma década, além de condições mais justas de trabalho, como limitação de quilometragem para entregas feitas por bicicletas e a garantia de pagamento integral de pedidos agrupados na mesma rota. Segundo o Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas Intermunicipais do Estado de São Paulo (SindimotoSP), os entregadores têm enfrentado uma redução drástica em seus ganhos nas últimas décadas: "Enquanto os trabalhadores registrados em CLT tiveram aumentos salariais de quase 99% nos últimos dez anos, os entregadores de aplicativos amargam uma queda de quase 72%", destaca o sindicato.
A principal empresa de delivery do Brasil, o iFood, que está no centro das reclamações dos grevistas, afirmou em nota que respeita o direito à manifestação pacífica e está avaliando a viabilidade de um reajuste para 2025. Contudo, a empresa também defende que o ganho bruto por hora trabalhada na plataforma é quatro vezes maior que o salário mínimo nacional.
As reivindicações dos entregadores incluem:
- Definição de uma taxa mínima de R$ 10 por corrida; - Aumento no valor do km rodado, de R$ 1,50 para R$ 2,50; - Limitação de 3 km para entregas realizadas por bicicletas; - Garantia de pagamento integral dos pedidos, mesmo em entregas agrupadas na mesma rota.
Impacto nas entregas
Devido à escassez de entregadores durante a greve, muitos estabelecimentos optaram por fechar temporariamente as suas lojas para entregas. Um exemplo é a sorveteria Cangote Sorvetes, localizada na Vila Buarque, que comunicou em suas redes sociais: "O iFood está com poucos entregadores devido à greve e, por isso, nossa loja aparece fechada. Apoiamos a categoria!".
O proprietário do restaurante Pratada SP, também na Vila Buarque, expressou apoio em sua conta do X, dizendo: “Não vou falir por fechar a loja por dois dias, é importante apoiar quem busca seus direitos.” Alguns restaurantes que preferiram manter os serviços de delivery a todo custo estão enfrentando queda de até 30% nos pedidos, aumentando assim o tempo de espera para seus clientes. “Aumentamos o prazo de entrega em 40 minutos, pois é mais difícil encontrar entregadores disponíveis,” relatou Julio Marconi, dono de um restaurante em Moema.
"Pedi um doce pelo iFood e cheguei a esperar uma hora a mais. O entregador se desculpou e explicou que havia uma quantidade enorme de pedidos devido à greve", comentou Paula Araújo, jornalista de Brasília. O iFood observa que, atualmente, 60% dos pedidos são entregues diretamente pelos restaurantes, em resposta à crise.
Na segunda-feira, os motoboys se concentraram em praças próximas a shoppings na Zona Sul de São Paulo e seguiram para o centro de Barueri e Osasco, onde fica a sede do iFood, para realizar o protesto. O ato foi coberto pela Polícia Militar, que informou que a manifestação ocorreu sem incidentes, encerrando-se por volta das 17h48.