A Nihon Hidankyo, uma organização composta por sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, foi anunciada como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2024. Este reconhecimento surpreendeu analistas e casas de apostas, reflexo do aumento da tensão global, com pelo menos três conflitos armados em curso e preocupações sobre a possibilidade do uso de armas nucleares.

Em agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, resultando na morte de aproximadamente 120 mil pessoas. Essa tragédia fez com que os sobreviventes se unissem em um movimento para promover a paz e a abolição das armas nucleares, conhecidos como Hibakusha.

O comitê responsável pela premiação explicou que a decisão de premiar a Nihon Hidankyo se deu como um "lembrete de que essas armas nunca mais devem ser usadas". As recentes conversas sobre armamentos nucleares, especialmente envolvendo países como Irã e Coreia do Norte, tornaram essa escolha ainda mais relevante.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, expressou sua satisfação com este reconhecimento, afirmando que é um tributo ao trabalho contínuo do grupo pela paz mundial e a abolição nuclear. A Nihon Hidankyo destaca em sua missão a importância de manter o tabu sobre armas nucleares, um tabu que atualmente se encontra em risco devido aos crescentes conflitos globais.

Além do prêmio em dinheiro de US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 6 milhões), a Nihon Hidankyo também receberá um diploma e uma medalha de ouro. Este prêmio é particularmente simbólico, pois acontece em meio a uma série de crises regionais que colocam o mundo em alerta.

No ano anterior, o Nobel da Paz foi concedido à ativista iraniana Narges Mohammadi, uma mulher que lutou pela liberdade e pelos direitos humanos em seu país. A cada ano, a escolha dos premiados é cercada de expectativas e especulações, com muitos nomes sendo cogitados como possíveis vencedores.

Um fato interessante sobre esta premiação é que a lista de indicados é mantida em segredo por 50 anos, o que torna a curiosidade ainda maior entre os especialista. Para este ano, cerca de 286 pessoas foram indicadas, incluindo figuras notórias como o Papa Francisco e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Enquanto isso, analistas alertam que o comitê Nobel poderia se sentir pressionado a não premiar ninguém em um contexto de conflitos intensos como o que vivemos atualmente. Tal decisão, conforme sugerido pelo diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, pode servir como um alerta sobre a grave situação de guerra global.

A escolha da Nihon Hidankyo reafirma a importância dos esforços pacifistas em um mundo onde a ameaça nuclear continua viva e embutida nas discussões sobre segurança internacional. A luta por um mundo livre de armas nucleares nunca foi tão urgente.