O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, levantou preocupações sobre um possível ataque especulativo por parte do mercado financeiro. Em declaração feita nesta quarta-feira (18), ao deixar seu gabinete, Haddad destacou que recebeu feedback de fontes confiáveis, incluindo jornalistas respeitáveis, sobre esta especulação no mercado.

"Estamos atentos a esses sinais. Prefiro focar nos fundamentos que sustentam nossas ações para assegurar a estabilidade fiscal. No entanto, é possível que ocorram movimentos especulativos, embora minha prioridade seja trabalhar com dados concretos. Sabemos que intervenções do Tesouro e do Banco Central podem ajudar a coibir esses movimentos", afirmou o ministro.

A turbulência do câmbio foi evidente na terça-feira (17), quando o dólar alcançou a marca de R$ 6,20, em meio à disseminação de notícias falsas sobre Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter).

Nos últimos dias, o Banco Central já havia realizado intervenções no mercado cambial, vendendo dólares tanto no mercado à vista quanto por meio de leilões com compromisso de recompra. Contudo, essas medidas não conseguiram estabilizar a moeda, e nesta quarta-feira o dólar operou por volta de R$ 6,17 às 11h, reduzindo para R$ 6,15 ao meio-dia.

Na véspera, o dólar apresentou alívio após a aprovação, pela Câmara dos Deputados, de um pacote fiscal que inclui regulações sobre a reforma tributária do consumo.

Haddad também anunciou que o governo pode considerar novos cortes no orçamento, em resposta à pressão do mercado. "Nunca disse que o processo de corte de gastos está encerrado. Ele está sempre em avaliação. Temos que considerar as mensagens do Congresso e as pendências, como a desoneração da folha, que ainda precisamos resolver no Supremo Tribunal Federal", declarou.

O ministro ressaltou que a economia brasileira está sob um regime de câmbio flutuante, que atualmente permite ao dólar variar conforme as condições do mercado. Segundo Haddad, essa flutuação deve continuar enquanto o pacote fiscal está passando pelo Legislativo.

"Ainda assim, acredito que a moeda americana vai encontrar um ponto de estabilização. Estou otimista com as conversas com os agentes financeiros. As previsões para a inflação e para o câmbio para o próximo ano são mais positivas do que as expectativas dos especuladores. O Banco Central e o Tesouro seguirão atuando para garantir a estabilidade do mercado", concluiu o ministro da Fazenda.