
Haddad Aponta o Dedo para Campos Neto: Selic Alta é Culpa do Passado!
2025-03-20
Autor: Ana
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não teve papas na língua ao criticar a gestão do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela recente alta na taxa Selic, que agora está em 14,25% ao ano. Em uma entrevista no programa 'Bom Dia, Ministro', Haddad deixou clara a suas frustrações sobre as decisões tomadas antes de sua chegada ao Ministério.
Ele enfatizou que, apesar da troca de comando no Banco Central, quatro dos nove membros do Comitê de Política Monetária (Copom) foram indicados pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sua influência nas decisões de juros é evidente.
"Na última reunião do Copom de 2024, a alta de 1 ponto percentual foi, em parte, uma herança das decisões da gestão Campos Neto“, comentou, revelando que havia uma previsão de mais aumentos pela frente. Haddad observou que, ao assumir, não poderia simplesmente reverter as decisões já contratadas.
A escalada da Selic, que subiu de 13,25% para 14,25%, é uma tentativa de controlar a inflação, mas vem acompanhada do desafio de manter a economia estável. Haddad criticou, ainda, a gestão do ex-ministro Paulo Guedes, afirmando que o estrago econômico deixado em 2022 teve consequências diretas nas contas públicas do país.
"Foi um desafio imenso administrar a economia brasileira após um período tão tumultuado. As bases orçamentárias foram seriamente comprometidas em busca de resultados eleitorais", afirmou. Ele ressaltou o respeito que possui pela equipe técnica do Banco Central e destacou que eles estão empenhados em fazer o melhor pelo país, embora enfrentem grandes desafios pela frente.
No meio de toda essa troca de acusações, o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, teve papel decisivo nas últimas decisões do Copom. Apesar da atribuição da alta de juros a Campos Neto, Galípolo e seus colegas, escolhidos por Lula, tiveram um peso maior nas decisões, disfarçando, assim, a narrativa de que o passado estaria inteiramente a culpa da gestão anterior.
Ainda que o cenário seja preocupante, com a inflação fora da meta e os desafios que a economia enfrenta, os especialistas permanecem cautelosos. A expectativa é de que a Selic continue aumentando, mas a magnitude desse aumento pode ser moderada nas próximas reuniões, segundo Haddad.
O ministro também mencionou que as estruturas de mandato do Banco Central, estabelecidas em 2021, garantem que decisões de política monetária não sejam influenciadas pelo governo vigente, o que promete um grau de autonomia para o futuro. Contudo, o questionamento segue: até onde a gestão atual pode ir para equilibrar o crescimento econômico sem descuidar das políticas de controle da inflação?