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Haddad Enfrenta Desafios e Críticas Após Anúncio Polêmico

2024-12-02

Autor: Matheus

Na última quinta-feira (28), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou um plano que prevê a redução de R$ 70 bilhões em gastos públicos até 2026. Contudo, o que mais chamou a atenção foi a inclusão da isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5.000, uma promessa que, segundo fontes ligadas à administração, foi influenciada por aliados políticos de Lula.

A notícia pegou de surpresa os agentes de mercado, que interpretaram esse movimento como um sinal de desvio do comprometimento financeiro do governo. De acordo com especialistas do setor, essa medida foi uma tentativa de ganhar apoio popular, mas pode ter consequências negativas no equilíbrio fiscal. "O pacote anunciado não é ideal. O governo está tentando misturar medidas positivas com propostas que podem gerar confusão e incerteza no mercado", afirmou Luís Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners.

A isenção do IR, uma promessa de campanha de Lula, deverá ser formalizada em um projeto de lei que será enviado ao Congresso em 2025, e, caso aprovado, começará a vigorar no ano seguinte. Para compensar a perda de R$ 35 bilhões em arrecadação, o governo pretende tributar dividendos de rendimentos acima de R$ 50 mil mensais, mas ainda pairam dúvidas sobre se isso será suficiente para cobrir o impacto da isenção.

Haddad foi visto como alguém que fez malabarismos para agradar a ala política do governo, pois Lula estava relutante em anunciar cortes de gastos. A situação tem gerado tensões, especialmente porque a dívida pública brasileira atingiu 78,6% do PIB (o equivalente a R$ 9 trilhões) em outubro de 2024, um aumento preocupante que pode afetar ainda mais a economia.

Diante desse quadro, as taxas de juros também estão subindo. Nesta segunda-feira (2), após o anúncio do pacote, os títulos do governo estavam sendo negociados com rendimentos muito altos, refletindo o receio dos investidores. Analistas indicaram que a Selic pode chegar a 12,63% em dezembro de 2025, com as expectativas de inflação aumentando para 4,4% no próximo ano.

O aumento da incerteza fiscal e a desconfiança do mercado podem levar o Banco Central a aumentar as taxas de juros por um período mais prolongado, em contraste com as políticas mais flexíveis que estão sendo adotadas pelo Federal Reserve nos Estados Unidos.

Além disso, a crise interna dentro do governo, marcada por divisões sobre a política fiscal, pode impactar gravemente a credibilidade do Brasil no cenário internacional. O novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicou que taxas de juros elevadas podem se tornar a norma para ancorar as expectativas de inflação.

Os desafios não param por aí. O cenário externo, afetado por tensões geopolíticas e o futuro incerto da economia chinesa, também apresentam riscos Crescentes para a economia brasileira.

Diante desse panorama complexo, o dilema está lançado: será que Haddad e Lula conseguirão reconciliar seus objetivos políticos e as necessidades econômicas do Brasil? Os investidores e a população aguardam por respostas.