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Haddad ou Campos Neto? Henrique Meirelles revela quem enfrenta o maior desafio

2024-10-04

Autor: Pedro

Em meio a debates sobre as dificuldades enfrentadas pelos principais nomes da economia brasileira, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles compartilha suas percepções sobre as funções de Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

Recentemente, Haddad brincou ao afirmar que seu trabalho é mais complicado do que o de Campos Neto, o que gerou uma onda de discussões sobre os papéis críticos que cada um desempenha.

Meirelles, que liderou o Ministério da Fazenda entre 2003 e 2010 e foi presidente do Banco Central, considera que as responsabilidades são distintas, porém igualmente desafiadoras. Ele ressalta que a principal função do Banco Central é controlar a taxa de juros e a gestão das reservas internacionais, ferramentas que têm um impacto direto na economia do país. "Esses são aspectos cruciais, especialmente em tempos de incerteza econômica", comenta Meirelles.

Ele acrescenta que o trabalho do ministro da Fazenda está fortemente ligado à política nacional e à interação com o Congresso, onde muitas de suas decisões dependem da aprovação legislativa. "O ministro precisa ter habilidade para navegar nos processos políticos e ao mesmo tempo garantir uma política fiscal que leve ao crescimento econômico sustentável", explica.

Na semana passada, Meirelles lançou seu novo livro intitulado "Calma sob Pressão: O que Aprendi Comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda", onde compartilha suas experiências e memórias em posições de líderes que moldaram a economia brasileira. Em sua obra, ele reflete sobre momentos críticos, como a crise financeira de 2008, enfatizando a importância de manter a calma e a estratégia em tempos de crise.

Sobre os desafios atuais enfrentados pelo Banco Central, Meirelles reconhece que a confiança do governo em Campos Neto é crucial para a estabilidade econômica. "É vital que o presidente Lula esteja seguro de que as decisões do BC são técnicas e não políticas", afirma.

Meirelles elogia Haddad por sua gestão no Ministério da Fazenda, destacando sua capacidade de equilibrar as expectativas do mercado e as demandas políticas. "Haddad está atuando sabiamente em um ambiente onde gastos públicos são vistos como motores de crescimento, mas ele está ciente dos riscos e desafios que isso traz. É um trabalho difícil e exige uma habilidade diplomática significativa", observa.

Quanto à reforma administrativa, Meirelles afirma que um modelo semelhante ao implementado no estado de São Paulo, que gerou um superávit orçamentário de R$ 52 bilhões, poderia ser benéfico para o governo federal, potencialmente economizando até R$ 200 bilhões. "Um corte inteligente nas despesas desnecessárias poderia liberar recursos significativos", defende ele.

Sobre o futuro da economia brasileira, Meirelles projeta um crescimento entre 2,5% e 3%. Ele acredita que, embora esse crescimento não seja ideal, representa uma perspectiva razoável, especialmente considerando a estabilidade política e a independência do Banco Central que o Brasil possui atualmente.

"O Brasil está em um momento de relativa estabilidade. Não há necessidade de antecipar uma crise, a não ser que surjam fatores inesperados. É preciso aproveitar esse momento para implementar reformas estruturais que possam gerar mais crescimento a longo prazo", conclui.