Hapvida sofre uma queda drástica de 13% na Bolsa após propostas da ANS para planos de saúde
2024-12-17
Autor: Fernanda
As ações da Hapvida, a maior operadora de planos de saúde do Brasil, caíram mais de 13% nas primeiras horas de negociação nesta terça-feira. A queda é atribuída ao impacto das novas propostas de regras para reajustes dos planos de saúde, apresentadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Analistas do BTG Pactual destacaram que, sendo a Hapvida uma das empresas com custos mais baixos do setor, é uma das mais vulneráveis às novas regras que podem afetar negativamente os operadores que conseguem manter uma eficiência maior.
No final da tarde de segunda-feira, a ANS lançou detalhes de uma nova política de preços e reajustes para os planos de saúde, um tema sensível, especialmente após a repercussão do assassinato de um executivo do setor em Nova York.
Essas novas regras incluem mudanças significativas nas estruturas de reajuste de planos coletivos e individuais, além da possibilidade de vendas mais controladas de planos online. A ANS especificou que não será permitido acumular índices financeiros e de sinistralidade no cálculo dos reajustes, obrigando as operadoras a escolher entre um ou outro. Além disso, a ANS impôs um percentual mínimo de 75% de sinistralidade como meta para o cálculo de reajuster, visando aumentar a transparência diante do consumidor.
Analistas apontam que muitos no setor esperavam uma regulamentação mais favorável após os desafios enfrentados durante a pandemia, especialmente com a demanda por coberturas mais abrangentes, como a de tratamentos para autismo, e atualizações nos procedimentos cobertos.
Às 10h35, as ações da Hapvida estavam cotadas a R$ 2,36, abaixo da mínima registrada desde abril, que foi de R$ 2,23. Outras empresas do setor também sentiram o impacto, como a Rede D’or (RDOR3), que viu suas ações caírem 3,42%, a R$ 26, enquanto o Ibovespa apresentava alta de 0,24%.
O Goldman Sachs avaliou que as novas regras propostas pela ANS podem restringir a flexibilidade das operadoras para realizar reajustes, principalmente aquelas com melhor eficiência, como a Hapvida. Em contrapartida, mencionou que a SulAmérica não deverá ser tão impactada já que opera com uma sinistralidade acima do limite sugerido.
Além disso, a ANS anunciou que abrirá uma audiência pública entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025 para discutir as propostas com as empresas e outras partes interessadas, indicando que regulamentações mais rigorosas para o setor de planos de saúde estão a caminho.
Essas mudanças nas regras de reajuste podem, eventualmente, impactar a lucratividade de todo o setor de saúde privado, dificultando o acesso a serviços adequados e aumentando a tensão entre operadoras e consumidores, em um momento em que a saúde pública ainda se recupera dos desafios impostos pela pandemia.