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Henrique Meirelles afirma: 'A próxima reforma deveria ser a administrativa'

2024-10-04

O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, destacou a importância de uma reforma administrativa no Brasil em sua recente entrevista ao g1. Segundo ele, o modelo de reforma implementado no estado de São Paulo, onde atuou como secretário da Fazenda entre 2019 e 2022, pode servir como um bom exemplo para o governo federal.

Meirelles ressaltou que a reforma em São Paulo resultou em um superávit orçamentário de impressionantes R$ 52 bilhões. Ele explicou que esse resultado foi alcançado por meio do fechamento de empresas estatais que não cumpriam mais suas funções e pela redução de determinados benefícios do funcionalismo público.

"Se a reforma no governo federal seguir uma linha similar, poderia gerar uma economia entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões ao ano", afirmou Meirelles, que também reconheceu a resistência que tais mudanças podem enfrentar. "Os funcionários impactados geralmente se opõem e protestam, então é necessário enfrentar essa resistência", completou.

Recentemente, Meirelles lançou seu livro intitulado 'Calma sob pressão: O que aprendi comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda', onde compartilha suas experiências e reflexões sobre os desafios enfrentados durante sua carreira.

Durante a entrevista, ele também comentou sobre sua experiência durante a crise econômica de 2008, quando o Brasil enfrentou sérios desafios financeiros. "Tivemos que lidar com uma crise de crédito internacional que quase paralisou a economia brasileira", lembrou.

Sobre o atual cenário econômico, Meirelles elogiou o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que ele está navegando habilmente entre as expectativas do mercado e as demandas políticas. Contudo, ele expressou preocupação em relação a práticas que poderiam driblar o orçamento, como a criação de despesas através da Caixa Econômica.

Para o futuro da economia brasileira, Meirelles projeta um crescimento modesto, entre 2,5% e 3%, e diz que, embora não seja ideal, é razoável dentro do cenário atual. Ele acredita que reformas estruturais, especialmente a tributária, são cruciais para aumentar a produtividade do Brasil e simplificar o sistema tributário, que é considerado altamente complexo.

Por último, o ex-ministro enfatizou que, apesar de crises serem sempre uma possibilidade, o Brasil apresenta um cenário relativamente estável que não indica uma crise iminente. A estabilidade de instituições como o Judiciário e a imprensa independente contribuem para essa segurança.