A situação de emergência na saúde pública do Guarujá se agravou, com autoridades médicas reportando um aumento alarmante nos atendimentos relacionados a sintomas de virose, como febre, diarreia, vômitos e dores abdominais. Apenas em dezembro, as unidades de Pronto Atendimento da cidade registraram 2.064 atendimentos, o que equivale a cerca de 66 atendimentos por dia, todos com sintomas preocupantes.

Em nota, a Prefeitura do Guarujá justificou que o crescimento dos casos é comum nesta época do ano, atribuindo a fatores como altas temperaturas e aglomerações típicas do verão. Contudo, muitos moradores, incluindo a secretária Josiane Fernandes de Souza, estão surpresos com a gravidade da situação. "Essa é a primeira vez que vejo algo assim no Guarujá. Normalmente, há casos de virose, mas não um surto tão intenso como agora", disse.

A própria família de Josiane foi afetada; sua filha de 18 anos sofreu um episódio severo de vômitos e diarreia. "O hospital estava tão cheio que não havia cadeiras para esperar. Muitas pessoas estavam em estados críticos, e só na limpeza do lugar havia uma funcionária distribuindo saquinhos para quem se sentia mal", relatou.

A Prefeitura, tentando controlar a situação, estendeu o horário de funcionamento de três unidades de saúde no período de alta demanda, de 28 de dezembro a 5 de janeiro, em vista do aumento de turistas na região. No entanto, mesmo após ir ao hospital, Josiane enfrentou dificuldades para encontrar os medicamentos necessários nas farmácias, que estavam com os estoques vazios devido à alta procura.

Os sintomas de virose compreendem infecções gastrointestinais e podem ser causados por diversas fontes. Para a pediatra e sanitarista Melissa Palmieri, pensar que todos os casos têm a mesma origem seria um erro. "Pode haver intoxicação alimentar, que é comum por causa do calor, além do consumo excessivo de álcool nesta temporada. A deterioração dos alimentos e a contaminação da água por alagamentos também são fatores críticos", disse.

Palmieri acredita que muitos casos de virose na região possam ser atribuídos ao norovírus, um agente patogênico resistente que pode sobreviver em superfícies por até duas semanas. O aumento do turismo no litoral, especialmente em alta temporada, resulta em aglomerações que facilitam a disseminação do vírus, não apenas no Brasil, mas também em locais como os Estados Unidos, que recentemente enfrentaram um aumento de casos e alertas do CDC.

Com a crescente população vulnerável, especialmente crianças e idosos, recomendações são para que tais grupos sejam monitorados com atenção redobrada. Para aqueles que ainda estão de férias, a especialista sugere uma reflexão sobre a continuidade da estadia na região, avaliando os riscos e benefícios.

É crucial lembrar que a desidratação é um risco sério para infecções gastrointestinais. Portanto, a hidratação deve ser uma prioridade. Se alguém estiver tendo dificuldade em manter a ingestão de líquidos, é imperativo procurar atendimento médico, mesmo que isso signifique enfrentar superlotação em hospitais. Além disso, a população deve estar atenta não apenas à virose, mas a possíveis outras doenças em circulação, como influenza e dengue.

Com os casos em ascensão, o Guarujá vive um momento crítico de saúde pública e monitorar a situação é fundamental. Todos devem estar cientes dos perigos e das práticas de prevenção necessárias para proteger suas famílias e comunidades. Fique ligado e cuide da sua saúde!