Na última quarta-feira (26), o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, revelou seus planos de implementar tarifas, que já vinham sendo prometidas há algum tempo, de até 25% sobre as importações de automóveis, incluindo carros, caminhões leves e peças essenciais do setor a partir do dia 3 de abril.

As novas tarifas afetarão: (i) veículos de passeio como sedãs, SUVs, crossovers, minivans e vans de carga; (ii) caminhões leves; e (iii) diversas peças como motores, transmissões e componentes elétricos. Segundo informações divulgadas pela Casa Branca, os importadores que operam sob o USMCA poderão aplicar a tarifa sobre conteúdo que não seja americano.

De acordo com uma análise do Bradesco BBI, o impacto direto sobre as montadoras brasileiras pode ser limitado, mas haverá um efeito indireto que merece atenção. A Iochpe-Maxion (MYPK3), segundo os analistas, parece estar resguardada, uma vez que a lista de autopeças que será afetada pela tarifa não inclui as rodas e produtos estruturais que a empresa fabrica no México.

Contudo, as tarifas podem acarretar aumentos de preços nas montadoras mexicanas, o que pode, por sua vez, diminuir a demanda. As importações de veículos do México representam de 15% a 20% das vendas totais nos Estados Unidos, o que torna a situação crítica para o mercado automotivo.

Por outro lado, a Mahle Metal Leve (LEVE3) poderá enfrentar desafios significativos com a exportação de componentes de motores à combustão para os EUA, especialmente porque esses produtos representaram 10% das vendas em 2024. A Tupy (TUPY3) e a Randoncorp (RAPT4) também podem sentir o peso das novas tarifas, já que o conteúdo não americano nos seus produtos, como blocos de motor oriundos do México e componentes de motor e transmissão, é relevante para sua receita.

É importante notar que os especialistas do BBI destacam que, apesar da Kuo Refacciones estar majoritariamente voltada para o mercado de reposição mexicano, existe um risco que as tarifas possam expandir a oferta interna no México, potencialmente elevando preços e impactando assim a competitividade das empresas. A exposição do mercado interno da Randoncorp aos EUA é relativamente baixa, abaixo de 1% considerando apenas as exportações.

Quanto à Marcopolo (POMO4), o consenso é de que o impacto das tarifas será neutro, dado que a empresa continua focada no mercado brasileiro. No geral, os analistas do Bradesco BBI mantêm uma preferência pelas ações da Iochpe-Maxion, reconhecendo que o setor automotivo global ainda precisa se adaptar a essas mudanças.

Essa nova dinâmica poderá trazer não apenas desafios, mas também oportunidades para as empresas se reestruturarem e inovarem para se manterem competitivas no cenário internacional. Afinal, na busca por soluções mais inovadoras e adaptativas, as montadoras poderão encontrar formas de otimizar seus processos e oferecer produtos ainda mais atrativos ao consumidor.