Ciência

'Incrível Hulk' do mundo microbiano: cientistas descobrem o segredo da bactéria que pode ser arma contra a radiação

2024-12-13

Autor: Julia

Uma bactéria extraordinária, conhecida como **Deinococcus radiodurans**, carinhosamente apelidada de ‘Conan, a Bactéria’, possui uma habilidade impressionante: sobreviver em ambientes de radiação extrema. Cientistas estão maravilhados com o fato de que essa bactéria pode suportar doses de radiação até 28 mil vezes mais intensas do que aquelas que seriam letais para seres humanos. Essa capacidade notável fez dela um foco de pesquisas sobre como melhorar a proteção contra radiações nocivas.

Pesquisadores da Northwestern University e da Uniformed Services University (USU) fizeram uma descoberta inovadora: um antioxidante poderia ser a chave para a resistência dessa bactéria. Por meio de uma combinação de metabólitos simples e manganês, uma nova pesquisa revelou um antioxidante sintético chamado ‘MDP’, que emula a força da **Deinococcus radiodurans**.

Os cientistas caracterizaram os componentes deste antioxidante: íons de manganês, fosfato e um pequeno peptídeo, formando um complexo que protege de danos radiativos de forma muito mais eficaz do que o manganês puro ou outros compostos isolados. Essa descoberta abre portas para o desenvolvimento de novos antioxidantes sintéticos que podem atender a necessidades específicas dos seres humanos.

As aplicações práticas são impressionantes, abrangendo desde a proteção de astronautas em longas missões espaciais, garantindo sua segurança contra intensa radiação cósmica, até intervenções em situações de emergência envolvendo exposição à radiação. Além disso, o MDP pode ser utilizado na produção de vacinas que necessitam de radiação para inativação, expandindo as possibilidades para a medicina moderna.

Brian Hoffman, da Northwestern, e Michael Daly, da USU, destacam que a combinação de manganês e fosfato já era conhecida como potente, mas a adição do terceiro componente foi um marco importante. “Este estudo nos deu a chave para entender por que essa combinação é tão poderosa e promissora como um radioprotetor”, afirmou Hoffman.

Durante investigações anteriores, a equipe de Hoffman buscava entender como a **Deinococcus radiodurans** poderia sobreviver a radiações no ambiente marciano. Eles descobriram que a quantidade de radiação que um microrganismo consegue suportar está diretamente ligada à quantidade de antioxidantes de manganês presentes em suas células. Isso significa que quanto mais antioxidantes, maior a resistência oferecida a radiações intensas.

Estudos de sobrevivência revelaram que a **Deinococcus radiodurans** pode aguentar até 25.000 grays. Contudo, uma pesquisa de 2022 demonstrou que, em estado seco e congelado, essa bactéria pode resistir a até 140.000 grays, uma quantidade que seria mortal para os humanos. Isso levanta a intrigante possibilidade de que microorganismos adormecidos em Marte possam ter resistido à radiação cósmica e aos prótons solares, usando mecanismos semelhantes a esses antioxidantes.

A pesquisa sobre a **Deinococcus radiodurans** não só fascina cientistas como também gera esperanças para o futuro da biotecnologia e viagens espaciais, proporcionando novas formas de proteção contra os perigos da radiação que podem afetar tanto a saúde humana quanto a exploração do espaço.