Saúde

Inédito: Mulher com câncer ginecológico muda útero de lugar e engravida de forma surpreendente

2024-12-04

Autor: Lucas

Em uma história cheia de reviravoltas e esperança, Angélica enfrentou um diagnóstico devastador: câncer ginecológico. Após realizar uma cirurgia, os médicos informaram que a eliminação total do tumor exigiria tratamentos agressivos, como quimioterapia e radioterapia, que poderiam torná-la infértil.

Sabendo que a preservação da fertilidade seria fundamental, ela considerou o congelamento de óvulos. Contudo, as opções eram complexas, uma vez que o tratamento com radiação afetaria diretamente o útero, tornando-o incapaz de suportar uma gravidez. "Passei por momentos de incerteza; interromper o tratamento para tentar engravidar era arriscado. O medo de piorar a situação era assustador", relembra Angélica.

Foi nesse cenário que Angélica buscou uma terceira opinião médica, onde lhe apresentaram uma alternativa inovadora: a transposiçã o uterina, uma técnica ainda experimental que envolvia mover o útero temporariamente para longe da área afetada pela radiação. Essa cirurgia, realizada pelo cirurgião oncológico Reitan Ribeiro, permitia que os órgãos reprodutivos permanecessem intactos e saudáveis durante o tratamento.

A transposição uterina foi uma proposta ousada e inédita; embora já tivesse sido realizada outras vezes no Brasil, este seria o primeiro caso documentado de câncer de colo de útero na literatura científica a utilizar essa técnica. Atualmente, aproximadamente 20 mulheres já passaram por esse procedimento no país.

O ginecologista Renato Moretti, do Hospital Israelita Albert Einstein, um dos poucos centros no Brasil habilitados para realizar essa cirurgia, destacou que essa técnica pode representar uma opção viável e acessível para a preservação da fertilidade em mulheres com câncer.

Após a cirurgia, Angélica se dedicou ao tratamento de combate ao câncer, que consistiu em 25 sessões de radioterapia e seis sessões de quimioterapia. Com a saúde recuperada, ela se submeteu a uma nova cirurgia em março de 2021 para recolocar seus órgãos reprodutivos na posição original.

Surpreendentemente, após o término do tratamento, Angélica recebeu a notícia mais esperada de sua vida: ela estava grávida. "Foi uma montanha-russa de emoções. Quando o teste deu positivo, não conseguia acreditar. Chorei, ri e até duvidei do resultado, fiz diversos testes", conta.

A gravidez, embora considerada de alto risco, foi monitorada de perto. Isabel, carinhosamente chamada de Bebel, nasceu saudável no dia 24 de dezembro de 2022, pesando 2,2 kg. O nascimento de Bebel não apenas simbolizou a vitória pessoal de Angélica, mas também destacou a importância da transposição uterina para futuras mães que enfrentam desafios semelhantes.

Esse relato de Angélica não apenas serve de inspiração, mas também abre novas portas na medicina para mulheres diagnosticadas com câncer ginecológico que desejam ser mães. "Foi uma experiência mágica. A maternidade é algo que eu nunca pensei que poderia alcançar em meio a tantas dificuldades," conclui Angélica.