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Inédito: Primeiro Caso de Transplante de Órgãos com HIV no Brasil; Descubra Como Funciona a Triagem

2024-10-11

Autor: Maria

O Brasil foi palco de um caso alarmante: seis pacientes receberam órgãos infectados pelo HIV durante transplantes no Rio de Janeiro. Este é o primeiro episódio documentado desse tipo no país, conforme explica a infectologista Lígia Câmara Pierrotti, que coordena a Comissão de Infecção em Transplante da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

A especialista destaca que a detecção precoce do vírus HIV e de outras infecções virais em doadores se tornou possível graças aos avanços nos testes de triagem implementados no Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Para assegurar a segurança dos pacientes que aguardam transplantes, são realizados testes rigorosos para identificar infecções em estágios iniciais.

No Brasil, a triagem dos doadores de órgãos segue critérios estritos definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Todos os doadores devem passar por exames para HIV, hepatite B, hepatite C, HTLV, entre outras infecções. Importante ressaltar que doadores HIV positivos não são aceitos para transplante.

A triagem laboratorial é composta pela análise de amostras de sangue e entrevistas com os doadores ou suas famílias, além de exames físicos que podem identificar condições que impeçam a doação. O Brasil se destaca por realizar um número elevado de transplantes, sendo reconhecido internacionalmente pela qualidade de seu sistema, que até agora não registrou transmissões de HIV.

O Ministério da Saúde estabelece critérios técnicos para a triagem, com a Portaria nº 2.600, de 21 de outubro de 2009, sendo uma das principais diretrizes que regulamentam o funcionamento dos bancos de tecidos humanos e da triagem de doadores.

Além das infecções, a avaliação inclui o histórico neoplásico, que abrange tipos de câncer. Transplantes de doadores com câncer recente ou ativo não são realizados, mas exceções podem ser feitas em casos de câncer de pele, onde o risco de transmissão é considerado baixo. Isso revela a importância crítica dos testes laboratoriais na triagem, que incluem não apenas exames de sangue, mas uma série de avaliações que garantam a saúde do receptor.

Se um doador apresenta uma infecção bacteriana, a doação pode ser ainda aceita, mas o receptor precisa seguir um tratamento com antibióticos após o transplante. As sorologias são realizadas em grandes centros de transplante, onde se prioriza a segurança dos doadores e receptores.

Após um caso de infecção entre receptores no Rio, a vigilância retroativa foi iniciada, levando à interdição de um laboratório responsável, o PCS Lab Saleme, que não apresentava a documentação adequada para a realização dos exames. Essa situação levantou questões sobre a validade dos testes e os protocolos de triagem.

O governo enfatiza que o processo de triagem no Brasil é meticuloso, abrangendo uma ampla gama de patógenos. Segundo Álvaro Costa, infectologista do Hospital das Clínicas da USP, é crucial conduzir uma avaliação completa dos doadores, uma vez que o HIV pode ser evitado com estratégias de teste adequadas.

Vale lembrar que, atualmente, as pessoas que vivem com HIV e têm carga viral indetectável não transmitem o vírus durante relações sexuais, podendo levar uma vida normal. Essa realidade é sustentada por dois décadas de avanços na ciência e no tratamento antirretroviral, para garantir a saúde e segurança dos pacientes.

No cenário global, como nos Estados Unidos, práticas rigorosas de triagem são adotadas para doadores de órgãos, visando minimizar os riscos de transmissão de doenças. Os testes para HIV, com tecnologia de ponta, garantem alta precisão no diagnóstico, permitindo que potenciais doadores sejam rapidamente avaliados.

A segurança do transplante de órgãos é um compromisso essencial no Brasil, e situações adversas como esta são tratadas com seriedade e rigor, estreitando a vigilância dos processos de triagem e do tratamento de todos os envolvidos.