Neste domingo, Israel deu início a uma nova ofensiva em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, instando os moradores a evacuarem suas casas à medida que as operações se intensificaram na região, apenas cinco dias após retomar a ofensiva contra o Hamas. A recente escalada do conflito, que já resultou em 673 mortes desde terça-feira, segundo fontes do Ministério da Saúde de Gaza, ocorreu simultaneamente a novos ataques devastadores contra o Hezbollah no Líbano.

O professor Michel Gherman, do Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ, afirmou em entrevista que "a guerra de Netanyahu é contra Israel", refletindo a complexidade política por trás do conflito. A nova ofensiva, segundo o Exército israelense, visava organizações terroristas na cidade, especialmente na fronteira com o Egito. Informes indicam que a evacuação do bairro de Tel al-Sultan foi solicitada por meio de folhetos distribuídos por drones, enquanto ataques aéreos também ocorreram em Beit Hanun, no norte de Gaza, onde alvos do Hamas foram atingidos.

Na noite de sábado, o Hamas confirmou a morte de Salah al-Bardaweel, um dos seus altos líderes políticos, em um ataque aéreo em Khan Younis. Al-Bardaweel, de 65 anos, foi vítima da ofensiva enquanto estava com sua esposa. Este líder, que começou sua trajetória no Hamas em 1987, ocupava posições-chave dentro da organização e foi eleito para o gabinete político em 2021.

Além de al-Bardaweel, a ofensiva israelense resultou na morte de outros dois membros de alto escalão do Hamas, aumentando a pressão sobre a organização, que se vê diante de uma intensa ofensiva militar. O Ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, ordenou a ocupação de partes de Gaza, declarando que a operação tem o objetivo de "forçar" o deslocamento de civis, uma estratégia que remete a abordagens militares controversas do passado, algumas apoiadas por figuras proeminentes como Donald Trump.

Após o fim do cessar-fogo na última terça-feira, a situação em Gaza se deteriorou rapidamente, com bombardeios em várias cidades, incluindo Gaza, Khan Younis, Rafah e Deir al-Balah. Entre os civis mortos nesta onda de ataques, um funcionário da ONU foi confirmado como vítima de um bombardeio, o que gerou protestos da comunidade internacional. O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou sua profunda preocupação com a situação humanitária crescente, que afeta diretamente os 2,4 milhões de habitantes da região.

A interrupção de serviços essenciais e ajuda humanitária, incluindo a eletricidade na principal usina de dessalinização de água em Gaza, junta-se a um cenário de crise humanitária absoluta. As famílias enfrentam dificuldade para obter alimentos e sobrevivem em condições precárias, como evidenciado pelo relato de Saed Abu al-Jidyan, que saiu em busca de arroz e voltou de mãos vazias. Diante da escalada da violência e do sofrimento humano, a perspectiva de paz permanece distante, e especialistas estão cada vez mais preocupados com o futuro da região.