Pela primeira vez, Israel emitiu ordens de evacuação para o Centro de Beirute, um marco notável em meio a intensas negociações para um cessar-fogo que conta com a intermediação dos Estados Unidos e da França. O anúncio veio minutos antes do início de uma nova rodada de ataques aéreos israelenses e destaca a escalada do conflito que já ceifou milhares de vidas e gerou uma crise humanitária no Líbano.

Os subúrbios do sul de Beirute, como Dahiyeh, são vistos como bastiões do Hezbollah, enquanto a região central da cidade abriga uma população diversificada, composta por cristãos e muçulmanos sunitas. Essa diversidade torna o local ainda mais vulnerável às consequências do conflito, e o aumento dos ataques israelenses na área cria um clima de pânico e insegurança.

Na última segunda-feira, um míssil israelense destruiu um prédio em um subúrbio da capital, alegadamente usado pelo Hezbollah, refletindo a determinação de Israel em alcançar seus objetivos militares. No entanto, os ataques de sábado, considerados os mais mortais, resultaram na morte de pelo menos 15 pessoas e deixaram 63 feridos, intensificando as preocupações sobre a segurança da população civil.

Desde setembro, Israel vem realizando uma ofensiva contra o Hezbollah, e um contra-ataque do grupo, que lançou cerca de 250 foguetes, só aumentou as tensões. O saldo da violência é devastador: mais de 3.500 mortos no Líbano e cerca de 90 soldados e quase 50 civis israelenses faleceram em decorrência dos confrontos.

As conversas sobre um cessar-fogo estão progredindo, com o embaixador israelense nos EUA, Michael Herzog, afirmando que um acordo pode ser alcançado em breve, embora haja detalhes a serem finalizados. Uma reunião do Conselho de Segurança israelense está marcada para esta terçã-feira (26), onde decisões cruciais podem ser tomadas.

A proposta em discussão sugere uma interrupção dos ataques por dois meses e a retirada das forças israelenses da fronteira sul do Líbano. Em contrapartida, o Líbano poderia posicionar suas tropas na fronteira, enquanto o Hezbollah transferiria suas armas para o norte do país. Porém, um dos pontos ainda em debate é se o exército israelense teria liberdade para realizar ataques na região sul do Líbano em caso de ameaças.

Essa situação é um lembrete sombrio da fragilidade da paz na região e das largas repercussões que um cessar-fogo poderia ter, não apenas para os países envolvidos, mas para toda a estabilidade do Oriente Médio. A comunidade internacional observa atentamente, à espera de que as partes impliquem em decisões que possam finalmente pôr fim a um dos conflitos mais longos e devastadores da história recente.