Durante a pandemia de COVID-19, a ivermectina se tornou um tema controverso, com muitos acreditando que o medicamento poderia tratar ou prevenir a doença. Embora a sua eficácia no combate ao coronavírus nunca tenha sido comprovada, o interesse pelo uso desse medicamento voltou a crescer, especialmente entre grupos conservadores nos Estados Unidos. Nas redes sociais, influenciadores de direita têm promovido a ivermectina, gerando debates acalorados.

No centro dessa nova onda de interesse, encontramos figuras como Grinsteiner, um músico de country que afirma ter sido curado de câncer de pele após usar ivermectina, alegando também que sua esposa teve melhora em seu câncer cervical. Grinsteiner e outros defensores da ivermectina acreditam que o establishment médico está tentando ocultar os supostos benefícios do medicamento, alegando que isso é motivado por interesses financeiros.

Os legisladores conservadores em diversos estados dos EUA, como Alabama e Texas, estão promovendo a venda da ivermectina sem necessidade de receita médica, numa clara tentativa de ampliar o acesso ao medicamento. A governadora do Arkansas, Sarah Huckabee Sanders, recentemente sancionou uma lei que permite sua venda livre, enquanto outras legislações semelhantes estão em tramitação em pelo menos seis estados.

Entretanto, a última palavra sobre o uso da ivermectina age como um lembrete importante: a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) reafirma que não há evidências clínicas que legitimem o uso da ivermectina para COVID-19 em humanos, e que seu uso inadequado pode levar a sérios problemas de saúde, incluindo risco de overdose e até morte, especialmente quando se trata de versões veterinárias do medicamento.

A crescente disseminação de informações desinformadas sobre a ivermectina levanta alarmes entre especialistas em saúde pública, que temem que isso possa reduzir a adesão a tratamentos que realmente têm eficácia comprovada, como vacinas e terapias padronizadas. Enquanto isso, a mídia conservadora continua a preencher seu espaço com anúncios que exaltam a ivermectina, muitas vezes vendendo a ideia de que ela seria uma solução mágica para problemas de saúde, conectando a venda do medicamento a uma retórica de liberdade médica.

Portanto, cinco anos após o início da pandemia, a ivermectina não é apenas um remédio; tornou-se um símbolo de um debate mais amplo sobre ciência, saúde pública e a luta contra a desinformação. Essa história continua a se desdobrar, e o futuro da ivermectina pode ter implicações muito além da saúde individual, tocando em questões sociais e políticas que envolvem a confiança pública na medicina moderna.