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Jabuti 2024: A Surpreendente Vitória do Melhor Livro e o Que Ninguém Esperava

2024-11-20

Autor: Gabriel

A cerimônia do Prêmio Jabuti 2024 mais uma vez trouxe surpresas, e a grande vencedora foi Rosa Freire d’Aguiar, com sua coletânea de crônicas "Sempre Paris". Ao subir ao palco para receber o prêmio, a autora, visivelmente emocionada e sem um discurso preparado, refletiu sobre o valor de uma obra que inicialmente ela mesma duvidou que teria tanta aceitação, apesar de décadas de reconhecimento como tradutora de clássicos da literatura francesa.

Desde a unificação do prêmio de Livro do Ano em 2018, que passou a reconhecer apenas um vencedor em vez de separar ficção e não-ficção, obras de diferentes estilos e temas já foram celebradas, desde o forte apelo feminista de Luiza Romão até a abordagem ambientalista do livro infantil "Sagatrissuinorana". No entanto, o que une essas vitórias é que, a maioria das vezes, as obras não eram as favoritas antes da premiação — muitos autores só conseguiram se destacar após serem anunciados como vencedores, deixando no ar o questionamento sobre qual critério realmente orientou a escolha dos jurados do Jabuti.

O processo de seleção, como se revelou, não é tão dramático quanto uma análise profunda das obras. O prêmio é decidido através de um rigoroso sistema de pontuação, onde três jurados em cada categoria avaliam diferentes critérios, sem permitir notas duplicadas para um único livro. Os que obtêm as melhores notas se tornam semifinalistas e, a partir deles, os cinco finalistas são selecionados para a noite de gala, realizada neste ano no Auditório do Ibirapuera em São Paulo.

Com esse método, o vencedor é determinado de maneira bastante fria e matemática, o que elimina um certo grau de interpretação poética ou busca por significados mais profundos na escolha das obras. Esteticamente, não há uma intenção clara de projetar gêneros literários específicos ou promover editoras pequenos ou grandes grupos. O prêmio Jabuti simplesmente reflete a objetividade da planilha de notas.

Outro aspecto a ser destacado é a diversidade do júri, que muda anualmente e é curado. Isso garante que, apesar de algumas obras serem bem estabelecidas, novas vozes e autores emergentes ganhem destaque durante a cerimônia. A premiação deste ano mostrou que novos talentos se destacaram, incluindo nomes como a educadora baiana Bárbara Carine e o quadrinista potiguar Luckas Iohanathan, ambos sendo laureados com seus primeiros livros.

Além disso, a o reconhecimento de editoras independentes foi evidente no prêmio, com as duas vencedoras da categoria de escritores estreantes, Patrícia Larini e Bianca Monteiro Garcia, representando editoras menos conhecidas, mas extremamente significativas no cenário literário brasileiro.

Como resultado, a noite de premiação do Jabuti não é apenas uma celebração de realizações literárias, mas também uma vitrine de tendências, novas vozes e um indicativo do que está por vir no mundo da literatura. As recentes escolhas do prêmio, repletas de diversidade e surpresas, fazem uma pergunta ressoar: quem serão os próximos a conquistar a atenção e o reconhecimento do público, em meio a um cenário literário tão dinâmico e promissor?