James Webb faz descoberta impressionante: Vaga-lume Cintilante nos primórdios do Universo
2024-12-16
Autor: João
Em um avanço revolucionário, o Telescópio Espacial James Webb (JWST) da NASA, em parceria com a agência espacial europeia e canadense, conseguiu detectar e analisar uma galáxia dos primórdios do Universo, com uma massa semelhante à da Via Láctea em seu estágio inicial de formação.
Batizada de Vaga-lume Cintilante, essa galáxia foi identificada a cerca de 600 milhões de anos após o Big Bang e contém 10 aglomerados estelares que foram meticulosamente estudados por uma equipe de pesquisadores, com os resultados recentemente publicados na prestigiada revista Nature.
Em resumo:
- O Telescópio James Webb localizou a galáxia Vaga-lume Cintilante a mais de 13 bilhões de anos-luz de distância, revelando sua massa comparável à da Via Láctea em formação;
- Utilizando o fenômeno da lente gravitacional, foram obtidas imagens detalhadas, mostrando 10 aglomerados estelares em diversas fases de evolução;
- A galáxia, parte de um grande aglomerado, revela uma estrutura ainda em formação, sem uma composição central definida, e exibe cores vibrantes indicativas de diferentes processos estelares;
- Duas galáxias vizinhas, pertencentes ao mesmo "enxame cósmico", circulam em torno da Vaga-lume Cintilante, evidenciando interações e fusões na formação das galáxias primitivas;
- O estudo de galáxias de baixa massa pode reformular teorias existentes sobre a evolução de galáxias maiores e a constituição do cosmos.
Lamiya Mowla, coautora principal do estudo e professora assistente na Faculdade de Wellesley, em Massachusetts, expressou sua surpresa com a descoberta: "Eu não esperava que seria possível resolver uma galáxia tão antiga em tantos componentes distintos, muito menos descobrir que sua massa é similar à da nossa própria galáxia quando estava se formando", destacou em um comunicado.
Vaga-lume Cintilante: Uma Janela Para o Passado Estelar
Conduzido por uma equipe internacional de astrônomos, o trabalho destaca a complexidade da formação estelar nos primeiros estágios do Universo, com a galáxia Vaga-lume Cintilante (formalmente conhecida como MACS J1423) apresentando várias fases de formação de estrelas simultaneamente. Esse fenômeno oferece uma perspectiva única sobre como as galáxias se formam e evoluem.
A técnica da lente gravitacional, um efeito natural que amplifica a luz de galáxias distantes através de um aglomerado massivo de galáxias situado mais próximo, foi crucial para essa observação detalhada, permitindo que os pesquisadores capturassem imagens sem precedentes de MACS J1423.
"Sem o efeito da lente gravitacional, não seríamos capazes de ver essas galáxias com tamanha nitidez", explicou Kartheik Iyer, coautor principal e bolsista do Projeto Hubble na Universidade de Columbia. Ele também enfatizou a importância de observar esse fenômeno, algo previsto pela física, mas até agora não detectado.
A Magia do Vaga-lume Cintilante
O apelido "Vaga-lume Cintilante" surgiu por conta da aparência brilhante da galáxia, que, à distância, se assemelha a um grupo de pirilampos iluminando uma noite escura. Esse brilho intenso é proveniente dos aglomerados de estrelas que emitem grande parte da luz da galáxia.
A equipe de pesquisa modelou a aparência da Vaga-lume Cintilante levando em consideração o efeito da lente gravitacional, e constatou que ela tem o formato de uma gota de chuva alongada, com agrupamentos estelares compostos por duas regiões superiores e oito inferiores, indicando um processo de formação em andamento.
Insights sobre a Evolução Galáctica
Os dados do James Webb também revelaram que a Vaga-lume Cintilante é uma galáxia de baixa massa, sugerindo que, em sua fase inicial, ela ainda precisa de bilhões de anos para atingir a complexidade de galáxias maiores como a Via Láctea. "Muitas outras galáxias que observamos não apresentam essa expansão ou estiramento, sendo que temos a chance de ver seus elementos de construção individualmente. Com a Vaga-lume Cintilante, estamos testemunhando uma galáxia sendo montada em tempo real", afirmou Mowla.
As cores vibrantes como rosa, roxo e azul que aparecem nas imagens obtidas pelo Webb sugerem que a formação estelar ocorreu em diferentes fases ao longo do tempo, em vez de ocorrer simultaneamente. Chris Willott, coautor e pesquisador principal do Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá, apontou que "cada aglomerado de estrelas está em um estágio diferente de formação", destacando a diversidade encontrada nas observações.
Diferente de galáxias mais desenvolvidas, a Vaga-lume Cintilante não apresenta uma protuberância central definida ou um disco fino, sugerindo que ainda está em um estágio primitivo. Pesquisadores acreditam que, ao longo de bilhões de anos, essa galáxia poderá desenvolver uma estrutura mais organizada.
Além de suas características internas, a Vaga-lume Cintilante parece interagir com duas galáxias próximas, atuando como influenciadoras em seu crescimento. A primeira está a apenas 6,5 mil anos-luz de distância e a segunda a 42 mil anos-luz. Yoshihisa Asada, coautor do estudo e doutorando na Universidade de Kyoto, no Japão, comentou a relevância dessas interações: "Há muito se sabia que as galáxias do universo primordial se formavam por meio de interações e fusões com galáxias menores. Podemos estar testemunhando isso em ação".
A equipe continua a utilizar o JWST para estudar uma variedade de galáxias antigas, buscando entender como elas se formaram e evoluíram ao longo do tempo. Maruša Bradač, membro do time e pesquisadora da Universidade de Ljubljana, na Eslovênia, ressaltou que esta é apenas a primeira de muitas galáxias leves que o JWST ainda irá descobrir. "Estamos analisando todas as galáxias primordiais, e os resultados estão todos apontando para a mesma direção: ainda há muito a aprender sobre como essas galáxias se formaram".
Compreender melhor a formação de galáxias pequenas e de baixa massa pode oferecer novas interpretações sobre o desenvolvimento de galáxias maiores. Se de fato as galáxias evoluem através de interações e fusões, isso implica que a construção do cosmos pode ser muito mais complexa do que se pensava.
Projetado para investigar o universo primordial, o JWST continua a nos surpreender com sua capacidade de revelar detalhes cósmicos inexplorados, e a Vaga-lume Cintilante não é apenas uma galáxia fascinante, mas uma peça chave na pesquisa astronômica, que pode ajudar a desbloquear os mistérios da formação e evolução do Universo.