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J.P. Morgan afirma que Brasil vive 'eterno dia da marmota' e rebaixa recomendações para ações do país

2024-11-27

Autor: Fernanda

Em um recente relatório, a equipe liderada por Emy Shayo Cherman do J.P. Morgan expressou preocupações crescentes sobre a situação fiscal do Brasil, afirmando que é 'extremamente ambicioso' esperar por mudanças estruturais que estabilizem a dívida pública no curto prazo.

De acordo com os especialistas, as propostas de corte de gastos anunciadas pelo governo demandarão a aprovação do Congresso, um processo que pode encontrar vários obstáculos nas atuais circunstâncias políticas e econômicas do país.

Os analistas destacam que, mesmo que alguma medida seja aprovada, ela pode ser diluída e não ter um impacto efetivo logo em seguida.

Isso reflete um padrão recorrente no Brasil, onde esperanças de reformas muitas vezes não se concretizam.

A avaliação temia uma falta de motivação política e a dificuldade para implementações rápidas e eficazes.

Um fator importante que a equipe do J.P. Morgan analisou foi a diferença entre os ciclos monetários do Brasil e do México.

O Brasil está enfrentando um aumento de juros, enquanto o México está em um ciclo de afrouxamento monetário.

Para o período até maio de 2025, o J.P. Morgan prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará as taxas de juros brasileiras para cerca de 13%, enquanto o banco central mexicano pode reduzir suas taxas para 9%.

Isso coloca o Brasil em desvantagem competitiva em relação ao México, que pode se beneficiar de um ambiente econômico global mais favorável.

As tensões comerciais entre os EUA e a China também desempenham um papel crucial nas perspectivas econômicas do Brasil.

Um crescimento mais lento da China pode impactar os preços das commodities, uma grande fonte de receita para o país.

No entanto, os analistas observaram que, desde que os EUA começaram a impor tarifas à China, o Brasil teve a oportunidade de se tornar um fornecedor alternativo, especialmente em setores como soja e carne bovina.

Os especialistas do banco destacaram que, apesar de uma perspectiva neutra para ações brasileiras de um modo geral, estão otimistas em relação a alguns papéis específicos, como Eletrobras, Sabesp, Itaú, Porto Seguro, Stone, Nu, Raia Drogasil e JBS.

Em contrapartida, a recomendação 'underweight' para ações de commodities reflete a cautela do banco, apesar de um interesse positivo em empresas como a Suzano.

Essa análise do J.P. Morgan destaca a complexidade do cenário econômico brasileiro, e muitos investidores se perguntam: quais serão as consequências reais dessa reavaliação das ações?

As expectativas de reforma e a dinâmica global trarão um novo sopro de esperança ou confirmarão a impressão de que o Brasil está preso em um ciclo interminável de promessas não cumpridas?