Jurassic Park pode se tornar realidade? Cientistas tentam reviver espécies extintas, mas a ideia provoca intenso debate
2024-12-10
Autor: Julia
Já pensou em ver de perto criaturas que não habitam mais nosso planeta? Essa é a ambição de um grupo de cientistas que, neste ano, conseguiu recriar um cromossomo de mamute que viveu há 52 mil anos. O estudo, que promete revolucionar a biologia, foi publicado na renomada revista Cell.
A empresa americana Colossal Biosciences se lançou na ideia audaciosa de trazer o mamute-lanoso de volta até 2028. Com o uso de inteligência artificial e clonagem, a empresa planeja executar o que eles chamam de "desextinção" do animal. Mas eles não estão sozinhos: outras espécies extintas também estão na mira dos pesquisadores.
O que é 'desextinção'?
"Desextinção" refere-se aos esforços para trazer de volta à vida espécies que já desapareceram. De acordo com a bióloga Vanessa K. Verdade, professora associada na Universidade Federal do ABC, isso envolve a recuperação do DNA de exemplares extintos (como o recente filhote de tigre-dente-de-sabre encontrado congelado), clonando esse DNA em um óvulo de uma fêmea da espécie mais próxima ainda viva. Ela observa que esse óvulo precisa ser implantado no útero da fêmea da espécie vivente até que o nascimento ocorra.
Na teoria, a tecnologia para conseguir isso já existe. Porém, na prática, a situação é muito mais complicada. "Sucesso depende de vários fatores, como a qualidade do DNA recuperado e a proximidade entre as espécies envolvidas", explica Verdade. A taxa de sucesso é ainda considerada baixa, especialmente ao lidar com DNA que esteve preservado por milênios.
Um sonho ou uma preocupação?
Criar um "Jurassic Park" pode ser o sonho de muitos paleontólogos, mas é exatamente esse tipo de questão que gera preocupação. Será que seria realmente significativo trazer uma espécie extinta de volta à vida? A bióloga Verdade faz uma pergunta crucial: devemos realmente priorizar a revivificação de animais extintos em vez de focar na conservação das espécies em risco atualmente?
Críticas ao projeto
Especialistas enfatizam que a ideia de "desextinção" pode não ser tão benéfica quanto parece. O biólogo Kayron Passos critica a proposta, afirmando que é ilógica e potencialmente prejudicial ao meio ambiente. Ele argumenta que os benefícios econômicos e financeiros resultantes de tal projeto não valem os danos potenciais. "Por que não usar esses recursos para proteger as espécies que ainda existem e que estão ameaçadas de extinção?", questiona.
Além disso, a viabilidade de manter uma espécie, mesmo que ela pudesse ser trazida à vida, é uma preocupação central. Verdade alerta que, para que uma espécie seja sustentável, é necessário um número suficiente de indivíduos capazes de se reproduzir. Portanto, quanto seria necessário investir para assegurar uma população viável de mamutes ou tigres-dente-de-sabre?
Desafios ecológicos
Durante debates sobre esse assunto fascinante, surgem preocupações sobre as possíveis conseqüências de introduzir espécies extintas em ambientes já ocupados por outras reciclagens. "O que aconteceria com as espécies atuais se decidíssemos reintroduzir o mamute? O impacto poderia ser devastador", observa Verdade. Passos também menciona o desafio climático, apontando que os mamutes estavam adaptados a climas frios, o que tornaria a reintrodução problemática em um mundo com temperaturas em constante aumento.
A ideia de trazer de volta animais extintos desafia não apenas a biologia, mas também a ética e a ecologia. Com a tecnologia avançando rapidamente, o futuro da "desextinção" pode estar a poucos anos de distância, mas é essencial que consideremos as implicações de nossos desejos científicos.