
Juros do Novo Consignado Privado Superam os Anteriores e Governo Alerta Trabalhadores
2025-04-02
Autor: João
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou ontem um balanço que revela que, até as 17h, o programa de empréstimos consignados já liberou impressionantes R$ 2,8 bilhões para mais de 452 mil trabalhadores.
Neste novo cenário, pela primeira vez, o governo emitiu um aviso claro: "O Governo Federal recomenda atenção às taxas antes da contratação". Adicionalmente, foi enfatizado que os trabalhadores devem comparar as taxas de juros antes de assumir qualquer compromissos financeiros, priorizando o uso do crédito para quitar dívidas existentes, evitando assim maiores problemas financeiros no futuro.
Embora o governo tenha destacado que instituições financeiras como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil estão oferecendo taxas mais competitivas, muitos ainda se deparam com juros acima de 3,5% ao mês. A alta na taxa média, segundo um representante do governo, é atribuída ao fato de que o novo consignado agora atrai um perfil de tomadores com maior risco, como aqueles com restrições de crédito.
O modelo anterior, que só atendia grandes empresas, apresentava um perfil de risco claramente menor, com taxas médias em torno de 2,92%. Uma avaliação preliminar sugere que as taxas do novo consignado poderão ser mais altas que as do anterior, mas ainda assim menores do que as encontradas no crédito direto ao consumidor (CDC).
A adesão ao novo programa surpreendeu até mesmo os otimistas do governo, que projetavam um ritmo mais lento nas liberações de crédito. Para se ter uma ideia, em 20 anos de operação do consignado tradicional, foram totalizados R$ 40 bilhões em empréstimos. Em menos de três semanas do novo programa, já foram disponibilizados R$ 3 bilhões.
Diante dessa demanda crescente, alguns bancos, que planejavam entrar na operação apenas a partir do dia 25 deste mês, anteciparam sua participação e já estão oferecendo empréstimos, após perceberem a perda de clientes para instituições menores. Atualmente, a Caixa e o Banco do Brasil dominam cerca de 60% dos empréstimos, e esse número pode aumentar ainda mais com a adesão de outros grandes players.
Nos últimos dias, influenciadores digitais de finanças começaram a alertar seus seguidores sobre os riscos do consignado privado, destacando que algumas taxas podem ultrapassar 3% ao mês. Esse alerta destaca a necessidade desesperada do governo em educar a população sobre o uso responsável do crédito.
Além disso, o governo planeja lançar, nos próximos dias, uma série de cartilhas e vídeos envolvendo influenciadores para informar a população sobre as melhores práticas na hora de contratar empréstimos. Essa ação é um claro reflexo do compromisso do governo em promover a educação financeira da população, semelhante ao que foi feito no passado com o programa Desenrola, que tratou da renegociação de dívidas.
Localmente conhecido como "Crédito ao Trabalhador", o programa foi desenvolvido por mais de um ano e surge em um momento delicado para a popularidade do presidente Lula, que enfrenta desafios significativos. A isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês também é parte das estratégias do governo rumo à reeleição em 2026.
Embora o governo insista que o programa não possui viés eleitoral, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, referiu-se ao empréstimo como algo associado ao presidente, dizendo: "Apertou o orçamento? O juro está alto? Pega o empréstimo do Lula", declaração essa que foi rapidamente deletada de suas redes sociais.
Na última sexta-feira, durante a entrega dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o ministro Luiz Marinho foi questionado sobre o consignado. Ele mencionou que haverá uma coletiva de imprensa esta semana no Palácio do Planalto para discutir as primeiras semanas do programa, embora fontes internas indiquem que o governo pode estar hesitando em realizar tal evento neste momento.