Justiça Brasileira Determina Investigação de Soldado Israelense Suspeito de Crimes de Guerra em Viagem pelo Brasil
2025-01-05
Autor: Julia
A Justiça do Brasil deu um passo histórico ao ordenar que a Polícia Federal investigue um soldado israelense que se encontra no país, suspeito de ter cometido crimes de guerra na Faixa de Gaza. A denúncia foi apresentada pela organização Direitos Humanos Hind Rajab (HRF), que afirmou que este caso pode ser um ponto de virada em termos de responsabilização internacional por atos de violência.
"Com uma decisão sem precedentes, as autoridades brasileiras se mobilizaram para investigar um soldado israelense que está turisticamente no Brasil", disse um porta-voz da HRF. "O Tribunal Federal do Distrito Federal, com o apoio do Procurador Federal, emitiu uma ordem urgente para que a Polícia investigue e tome ações necessárias contra o suspeito. Isso representa um passo crucial para responsabilizar aqueles envolvidos nos crimes em Gaza", acrescentou a organização.
De acordo com a denúncia, o soldado teria participado de demolições em larga escala de residências civis em Gaza, em meio a uma ofensiva sistemática que visaria destruir a infraestrutura civil da região. A HRF qualificou essas ações como parte de um esforço deliberado para impor condições de vida intoleráveis para os civis palestinos, configurando, assim, genocídio e crimes contra a humanidade segundo as normas do direito internacional.
A identidade do soldado não foi divulgada publicamente, uma vez que a HRF alertou para "riscos significativos de fuga e possível destruição de provas". A decisão judicial que autoriza esta investigação foi emitida em 30 de dezembro e reportada pelo portal de notícias brasileiro Metrópoles, que conseguiu acesso aos documentos judiciais pertinentes.
A denúncia da HRF também conta com o apoio de famílias palestinas cujas casas foram destruídas. Ela se baseia em evidências, como vídeos, dados de geolocalização e imagens fotográficas que demonstram a participação do soldado em ações de combate em Gaza.
Dyab Abou Jahjah, presidente da HRF, comemorou a decisão da Justiça brasileira e enfatizou que este é o primeiro caso em que um país signatário do Estatuto de Roma aplica diretamente suas disposições, sem a necessidade de recorrer ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Um momento que pode criar um precedente vital e inspirar outros países a agir de forma semelhante.
A Fundação Hind Rajab, com sede em Bruxelas, foi estabelecida para documentar crimes de guerra contra os palestinos, especialmente após a escalada do conflito que se intensificou em 7 de outubro de 2023, após um ataque mortal por militantes islamistas em Israel.
Recentemente, o caso da menina palestina Hind Rajab, de 6 anos, que foi alvejada por disparos de tanque em Gaza e cujo corpo foi encontrado dias após seu desaparecimento, ganhou destaque internacional, levando os Estados Unidos a solicitar ao governo de Benjamin Netanyahu que realizasse uma investigação adequada sobre os acontecimentos.