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Justiça da Turquia decide pela libertação de jornalistas detidos durante protestos contra o governo

2025-03-27

Autor: Carolina

Em um movimento inesperado, a Justiça turca determinou a soltura de oito jornalistas, incluindo o fotógrafo da AFP, Yasin Akgül, preso durante protestos contra o governo de Recep Tayyip Erdoğan. As detenções, ocorridas de madrugada, provocaram uma onda de reações internacionais com o Escritório de Direitos Humanos da ONU chamando a situação de "preocupante" e exigindo garantias para a segurança e os direitos dos jornalistas.

Além de Akgül, a lista inclui o fotógrafo Bülent Kılıç, ex-funcionário da AFP, enquanto dois outros jornalistas permanecem detidos na cidade de Izmir, elevando a pressão sobre o governo turco no contexto das manifestações que têm tomado conta das ruas.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) expressou satisfação com a decisão judicial, mas não deixou de exigir a libertação imediata dos jornalistas ainda na prisão.

Em um desenvolvimentos similar, Mark Lowen, correspondente da BBC, foi deportado sob a acusação de ser uma "ameaça à ordem pública". A expulsão ocorreu após 17 horas de detenção, evidenciando a crescente repressão à liberdade de mídia na Turquia.

As autoridades turcas têm enfrentado um aumento significativo de manifestações desde a detenção de líderes opositores, com mais de 1,4 mil manifestantes detidos em todo o país. As ruas de Istambul e outras cidades têm sido palco de protestos diários, os mais robustos desde 2013, com cidadãos clamando por mudanças e criticando a condução do governo.

Erdoğan, em resposta, declarou que não permitirá que a "pátria divina" fique à mercê do "terror das ruas", mas as detenções e repressão não têm desencorajado os manifestantes. De fato, as multidões continuam a se reunir, carregando bandeiras e faixas contra o governo, mostrando que o descontentamento é palpável.

A oposição, liderada pelo Partido Republicano do Povo (CHP), que conta com o apoio do prefeito de Istambul, Ekrem İmamoğlu, intensificou suas atividades, convocando mais protestos, desafiando diretamente as proibições impostas.

Além disso, o CHP acusou o Banco Central da Turquia de agir em favor do governo na manipulação da situação econômica após a prisão de İmamoğlu. O banco aprovou a venda de cerca de US$ 25 bilhões em moeda estrangeira para estabilizar a lira em crise, mas sem a devida transparência e supervisão, gerando ainda mais desconfiança entre a população e os analistas políticos.

Com a pressão contínua das ruas e a crescente insatisfação popular, futuras manifestações prometem ser ainda mais intensas, enquanto a oposição busca maneiras de desafiar o regime de Erdoğan, que já se encontra sob crescente escrutínio tanto interno quanto internacional.