Kim Jong-un Abandona a Reunificação das Coreias: O Que Está Acontecendo?
2024-12-17
Autor: Mariana
Em uma surpreendente reviravolta, Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, anunciou em 2024 uma radical mudança ideológica: a reunificação entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, um objetivo histórico que remonta à fundação do Estado comunista em 1947, foi oficialmente abandonada.
Durante uma cerimônia de despedida do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Pyongyang, Kim declarou que a Coreia do Sul agora é considerada o "principal inimigo" do regime, em um deslocamento da rivalidade que antes era focada exclusivamente nos EUA. Essa mudança não é apenas retórica; Kim mandou desmantelar os órgãos de diálogo entre os dois países e demolir o emblemático Arco da Reunificação, que simbolizava esperanças de paz e união.
Os jornais e livros didáticos no país já não fazem mais menção ao termo "reunificação" (ou "tongil" em coreano), e até mesmo uma estação de metrô em Pyongyang teve seu nome trocado de acordo com a nova ideologia. Esse desencanto radical ocorre em um contexto de crescente tensão militar e de intensificação das provocações entre os dois lados.
Historicamente, a Coreia do Norte e do Sul estiveram unificadas por mais de 12 séculos, até serem divididas após a Segunda Guerra Mundial. O fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung, tentou realizar a reunificação militarmente em 1950, mas a Guerra da Coreia resultou em milhões de mortos e, ironicamente, estabeleceu uma divisão ainda mais sólida.
A Constituição da Coreia do Sul ainda clama pela reunificação sob a égide da liberdade e democracia, enquanto a Coreia do Norte buscava uma unificação socialista. Entretanto, a premissa da reunificação pacífica parece não ser mais viável. Com a Coreia do Sul expondo uma prosperidade econômica que desafia a narrativa do Norte, Kim temia perder o controle sobre a população que, cada vez mais, tem acesso a informações externas, incluindo a cultura pop sul-coreana.
Especialistas afirmam que esta mudança de tática tem como base uma estratégia para impor um estado de hostilidade permanente com o Sul, visando preservar a hegemonia do regime. Os novos posicionamentos de Kim visam não apenas deslegitimar a Coreia do Sul, mas também silenciar potenciais vozes dissidentes dentro do próprio Norte, agravadas por um imenso fluxo de informações transfronteiriças.
Além disso, o desenvolvimento militar contínuo da Coreia do Norte e a busca por aliados estratégicos são vistas como medidas de Kim para fortalecer sua posição diante da pressão internacional. O regime norte-coreano não apenas reafirma sua postura hostil em relação ao Sul, mas também está disposto a agir de maneira provocativa, colocando em risco a estabilidade regional e internacional.
Assim, a questão permanece: até onde Kim Jong-un está disposto a ir para manter sua liderança e qual será o futuro da península coreana em meio a essa escalada de tensões.