
"Lembrar que somos finitos nos faz aproveitar a vida intensamente", reflete Elisama Santos
2025-03-23
Autor: João
Freud, em uma de suas obras mais memoráveis, descreveu um encontro com um poeta que daria origem a reflexões profundas sobre a vida e sua transitoriedade. Enquanto ambos admiravam uma flor, o poeta ficou melancólico ao perceber que a beleza do ser vivo era efêmera. Freud, em um momento de iluminação, lhe disse que era exatamente essa finitude que tornava a flor tão admirável. É a certeza de que um dia ela não estará mais entre nós que nos leva a dar valor ao seu esplendor, escolhendo um belo jarro para expô-la em um lugar de destaque.
Lembrar da nossa finitude motiva-nos a viver de maneira mais intensa. Recentemente, ao me aproximar dos meus 40 anos, tenho aprendido muito com meus filhos sobre a percepção do tempo. Para mim, três anos podem parecer insignificantes, mas para Helena, de apenas 8 anos, representam quase metade da sua vida; cinco anos é uma eternidade para ela. Enquanto isso, Miguel, meu filho mais novo, já entrou na adolescência em um piscar de olhos. Esse tempo que para nós parece passar rapidamente é uma grande jornada para eles.
O "luto bonito" que mencionei anteriormente é uma dor que também traz encanto. É um reconhecimento de que, ao sermos finitos, cada dia se torna único, cada companhia, uma riqueza, e cada amor, um presente. Em momentos de dor provocados pela perda, desejo aos céus um presente como a mãe da minha amiga recebeu: a capacidade de viver intensamente e feliz até os últimos dias.
A vida é sobre amar e ser amado de maneira profunda, dedicar a cada flor da vida a atenção que ela merece. A dor da partida torna-se mais suportável quando combinada com a certeza de que vivemos plenamente. Assim, entre risos e lágrimas, somos lembrados de que a existência é um emaranhado de experiências que vai muito além do que esperamos.