Lenacapavir: Brasil fica de fora da distribuição da potencial 'vacina' contra HIV – Entenda o motivo!
2024-12-12
Autor: Lucas
Recentemente, o lenacapavir, um inovador medicamento injetável que poderá ser administrado a cada seis meses como profilaxia contra o HIV, foi eleito pela revista Science como o avanço científico de 2024. Os estudos clínicos demonstraram uma taxa de eficácia em torno de 100%, o que foi considerado um marco na luta contra o vírus da AIDS.
Apesar do entusiasmo em torno dessa nova possibilidade, o Brasil, assim como outros países de renda média, não foi incluído na lista de nações que receberão o medicamento em uma versão genérica de baixo custo. Essa decisão gerou preocupações sobre como os sistemas de saúde pública poderão arcar com os altos custos das doses, que podem variar entre US$ 25.395 e US$ 44.918 (cerca de R$ 153 mil a R$ 271 mil) anualmente, valores considerados "inviáveis" por especialistas locais.
Contudo, um painel de especialistas acredita que, com produção em massa e compras em larga escala, é possível reduzir o custo para menos de US$ 100 (aproximadamente R$ 600) por paciente, o que levanta questões sobre a viabilidade econômica e a acessibilidade real do tratamento.
O que é e como funciona o lenacapavir?
O lenacapavir age inibindo uma proteína fundamental do HIV chamada capsídeo, impedindo que o vírus se replique. Este medicamento é considerado uma evolução significativa em relação à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) atualmente disponível, que requer a ingestão diária de comprimidos. Enquanto a PrEP oral depende da adesão do paciente, a versão injetável do lenacapavir oferece a conveniência de uma aplicação semestral.
Os resultados de estudos como o Purpose-1, realizados na África do Sul e Uganda: entre 5.300 participantes que receberam lenacapavir, nenhuma contraiu o HIV. Em estudos subsequentes, os dados indicaram uma taxa de proteção de 99,9% entre os participantes.
A exclusão do Brasil e os alertas de um acesso desigual
Enquanto a farmacêutica Gilead Sciences negociou acordos que garantem o acesso a versões genéricas em 120 países considerados de baixa renda, nações com renda média como o Brasil não foram incluídas. Essa situação gerou indignação entre especialistas e organizações de saúde, que destacam que a ausência do Brasil nesse acordo exacerba as desigualdades no tratamento do HIV, especialmente em regiões onde a epidemia ainda apresenta altos índices de infecção.
O antropólogo Richard Parker critica essa decisão, chamando-a de "escândalo", e ressalta a necessidade de iniciativas que garantam que todos, especialmente as populações vulneráveis, tenham acesso ao tratamento. A Organização Mundial da Saúde e a UNAIDS pediram à Gilead que reconsidere sua decisão e inicie negociação para reduzir preços, especialmente em países com alta carga de HIV.
O que esperar do futuro?
O lenacapavir deve passar por avaliações das agências regulatórias e está previsto para ser liberado para uso em larga escala em 2026. Essa nova possibilidade de prevenção pode mudar a trajetória das infecções por HIV, mas apenas se acessível a todos os que necessitam. Com a queda dos preços e a pressão por mais igualdade no acesso, o futuro do lenacapavir ainda é incerto, e os debates em torno do acesso já estão em andamento no Ministério da Saúde.
Conclusão
Enquanto os avanços científicos continuam a oferecer novas esperanças na luta contra o HIV, as realidades econômicas e políticas precisam ser confrontadas. Como o Brasil e outros países de renda média conseguirão negociar o acesso a este potencial avanço na medicina? Uma questão que ainda precisa de resposta!