Lula e o 'Atropelo' no G20: O que Realmente Irritou os Líderes Europeus
2024-11-20
Autor: Ana
A discussão sobre a Ucrânia continua a ser um tema polêmico nas rodadas de negociações do G20, especialmente desde o início da guerra. Embora o presidente russo, Vladimir Putin, não tenha comparecido à cúpula no Rio de Janeiro, seu ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, esteve presente para representá-lo.
Tradicionalmente, o comunicado final é divulgado ao término da cúpula, mas, surpreendentemente, Lula antecipou a aprovação do texto durante a sessão plenária de segunda-feira, em um momento em que líderes importantes como Emmanuel Macron, da França, Olaf Scholz, da Alemanha, e Joe Biden, dos Estados Unidos, não estavam na sala, segundo relatos diplomáticos.
A atitude de Lula gerou desconforto, com Macron afirmando: "O comunicado foi fechado pelo presidente Lula. Ficou aquém da posição que poderíamos ter tido", enfatizando a necessidade de uma linguagem mais firme sobre a Rússia. Ele reforçou que a guerra, iniciada pela Rússia contra a Ucrânia, é um ato de agressão e que o foco da França permanece em buscar uma paz duradoura.
Uma autoridade europeia não hesitou em classificar a manobra de Lula como "brutal", mas seu país optou por respeitar a prerrogativa do Brasil enquanto anfitrião. Para evitar que a cúpula terminasse sem um comunicado final, o Brasil acelerou sua aprovação, apesar dos apelos europeus por uma retórica mais contundente em relação ao papel da Rússia na guerra. Três diplomatas brasileiros relataram à Reuters que os europeus solicitaram uma postura mais direta durante as negociações.
As discussões sobre o comunicado final tiveram início já no domingo pela manhã, com os negociadores (sherpas) chegando a um entendimento, mas à tarde, França e Alemanha pressionaram Lula a revisar o texto devido a novos ataques aéreos russos na Ucrânia. O Brasil, no entanto, manteve sua posição e se recusou a reabrir o texto, mesmo que os diplomatas franceses pudessem ter solicitado um adiamento até que Macron estivesse presente na sala.
Uma fonte brasileira ressaltou: "Reabrir o texto teria ameaçado todo o esforço de uma semana de negociações." Para além das tensões dos líderes, Scholz apontou essa discordância como um reflexo das mudanças em curso nas dinâmicas geopolíticas atuais, afirmando que "as tensões internacionais estão intensificando".
Este episódio destaca a dificuldade em equilibrar as relações entre os países em meio a crises globais, refletindo a complexidade das alianças políticas e as consequências de ações unilaterais num cenário internacional cada vez mais polarizado.