Lula Propõe Acelerar Metas Climáticas no G20 e Lança Alianças Contra a Fome
2024-11-19
Autor: Julia
Na última jornada da cúpula do G20, o presidente Lula fez um apelo contundente aos países desenvolvidos: “Antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040, ou mesmo 2045. Sem suas responsabilidades históricas, nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais,” afirmou. Lula também instou os países em desenvolvimento a expandirem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para abranger todos os setores da economia e todos os gases de efeito estufa.
A cúpula também foi marcada pelo lançamento oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, refletindo a prioridade que o Brasil dá a essa questão. Sem a presença de líderes como Biden, Meloni e Trudeau, os demais representantes se comprometeram com ações concretas frente a esses desafios globais.
Na declaração final do encontro, que mesmo após objeções da Argentina, abrangia amplamente os temas de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática, reafirmou-se que todas as iniciativas devem considerar as dimensões econômica, social e ambiental preferencialmente no âmbito multilateral. Lula sugeriu a criação de um Conselho de Mudança do Clima na ONU, que permita a articulação entre diversos atores e processos atualmente fragmentados. Ele ressaltou que os países representados no G20 são responsáveis por 80% das emissões globais.
Lula expressou otimismo: “A esperança renasce a cada compromisso e ato de coragem em defesa da vida e das condições em que ela nos foi dada.” O presidente anunciou que o Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de carbono entre 59% e 67% até 2035, comparando a 2005, e reiterou o objetivo de erradicar o desmatamento ilegal até 2030. Ele afirmou que houve uma queda de 45% no desmatamento nos últimos dois anos e convocou a comunidade internacional a agir de forma responsável nas questões climáticas.
A Amazônia, segundo Lula, continua ameaçada se outras nações não desempenharem seu papel na luta contra o aquecimento global. Ele destacou a importância dos oceanos como reguladores climáticos e fontes de solução para a crise ambiental.
O presidente criticou a insuficiência das contribuições globais para ações ambientais, subestimando os $100 bilhões anuais prometidos durante a conferência que gerou os Acordos de Paris; hoje, os valores sugerem que seriam necessários trilhões de dólares. Economistas independentes indicaram, na COP29 em Baku, que, se não forem adotadas medidas eficazes agora, o custo necessário até 2035 pode alcançar $1,3 trilhão por ano.
Lula enfatizou a urgência de soluções durante a COP29 e alertou que a próxima COP30 em Belém será “nossa última chance de evitar uma ruptura irreversível no sistema climático”, pedindo que todos se mobilizem para tornar o evento uma virada na política climática global.
No cenário internacional, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, comentou sobre a expectativa de um anúncio significativo do governo Biden em relação às suas NDC, o que ela acredita que pode impactar tanto interna quanto externamente.
Durante o G20, também pairou um clima de incerteza sobre os impactos da possível volta de Donald Trump à presidência dos EUA, especialmente após a designação de Chris Wright, um conhecido negacionista das mudanças climáticas, para o cargo de secretário de Energia. Lula, em um discurso incisivo, alertou que a luta climática não pode parar e que a ciência comprovou a gravidade da situação, pressionando pela continuidade do engajamento global, independentemente de mudanças políticas nos Estados Unidos.