Na manhã da última segunda-feira (7), mães de crianças autistas procuraram a 1ª Promotoria de Justiça Especializada de Defesa do Consumidor do Ministério Público do Acre para relatar uma série de supostas irregularidades que seus filhos vêm enfrentando durante o tratamento no Instituto Unimed Terapias, parte do grupo Unimed.

De acordo com os relatos, as sessões terapêuticas têm sofrido interrupções frequentes, que podem durar até 30 dias, em decorrência de férias, cursos e licenças, sem a devida reposição por parte da operadora de saúde. Essas interrupções têm gerado sérios prejuízos no desenvolvimento das crianças, despertando preocupação entre os responsáveis.

Além disso, as mães apontaram a renovação anual do Plano de Ensino Individualizado (PEI) como problemática, juntamente com práticas que consideram arbitrárias, como a junção de crianças em sessões grupais, ignorando a necessidade de atendimento personalizado. Uma situação alarmante relatada é a coerção para que responsáveis assinem duas guias de sessões de terapia, mesmo quando apenas uma é realizada. Casos de mães que tentaram questionar essa prática e enfrentaram ameaças de suspensão do atendimento dos filhos, mesmo com os planos de saúde em dia, foram mencionados.

Patrícia Martins, uma das mães envolvidas, declarou ao ac24horas que o grupo recorreu ao Ministério Público em uma tentativa de resolver as questões, já que, segundo ela, a Unimed se recusa a dialogar diretamente com as mães. "As mães buscaram a Promotoria do Consumidor após a falta de sensibilidade da gestão do Instituto Unimed Terapias em abordar esses problemas coletivamente", destacou.

A denúncia foi formalmente registrada na Promotoria, que confirmou uma Ação Civil Pública (nº 0721736-89.2024.8.01.0001) contra a UNIMED. No entanto, as mães foram informadas de que o caso não foi considerado urgente, o que gerou indignação diante da situação crítica e da vulnerabilidade das crianças.

Em busca de esclarecimentos, a reportagem contatou a direção da Unimed, que, através de sua assessoria, emitiu a seguinte nota: "A Unimed Rio Branco reafirma que seus canais de atendimento estão sempre disponíveis para receber os beneficiários, considerando as necessidades específicas de cada paciente. Em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não comentaremos sobre casos que envolvam crianças ou outros pacientes. Nossos canais de atendimento são: 0800 772 0045, WhatsApp (68) 2106-4510 e presencialmente na Sede Administrativa, na Rua José de Melo, 418 – Bairro Bosque."

Essa situação levanta um questionamento importante: até onde vai a responsabilidade das operadoras de saúde em garantir o tratamento adequado e contínuo para crianças com necessidades especiais? As mães exigem não apenas respeito, mas a garantia dos direitos de seus filhos, e a pressão sobre a Unimed pode resultar em mudanças essenciais nessa política de atendimento.