‘Magras, magras, magras’: A verdade por trás dos transtornos alimentares
2024-11-28
Autor: João
Uma nova trend nas redes sociais tem chamado bastante a atenção: pessoas celebrando a magreza com áudios repetitivos que dizem "magras, magras, magras". Mas será que essa busca incessante por um corpo perfeito não esconde algo muito mais sério? Muitas vezes, essa obsessão pode levar a transtornos alimentares graves que afetam não apenas a saúde física, mas também a saúde mental.
Relatos de pessoas como Ana Carolina e Joana revelam uma realidade alarmante. Elas compartilham estratégias extremas, como dietas severas, purgação e a prática de alimentação "limpa", que levaram a um quadro sério de saúde: anemia, arritmia, gastrite e desmaios frequentes. A luta para atingir o corpo ideal pode custar caro, e não apenas financeiramente.
Segundo a nutricionista Julie Roitman, do Ambulim, a anorexia e a bulimia podem desencadear condições potencialmente fatais, como desidratação severa, esofagite e até falência renal. A desnutrição crônica, comum na anorexia, é um dos maiores riscos, aumentando a probabilidade de paradas cardíacas.
Além dos problemas físicos, é importante destacar que a anorexia nervosa pode levar a consequências reprodutivas sérias, como amenorreia, que por sua vez pode resultar em infertilidade. Isso acontece porque a baixa ingestão de calorias compromete a produção de hormônios essenciais à saúde reprodutiva. O ginecologista José Maria Soares Júnior alerta para a necessidade de recuperação nutricional, pois a falta de nutrientes pode levar a doenças cardiovasculares e até demência.
A magnitude dos transtornos alimentares pode ser assustadora: a taxa de mortalidade pode chegar a 20%, sendo frequentemente associada a outras condições, como depressão. Adriano Segal, que preside o departamento de psiquiatria e transtornos alimentares da Abeso, ressalta que esses transtornos muitas vezes andam de mãos dadas com condições como TOC, ansiedade e abuso de substâncias.
O tratamento pode ser um caminho difícil e caro, geralmente restrito a instituições de ensino superior, o que dificulta o acesso a cuidados. Em um contexto onde os cuidados multidisciplinares se tornam essenciais, a falta de recursos pode ser um obstáculo significativo. Portanto, é vital que as pessoas busquem apoio profissional de forma proativa, antes que os riscos à saúde se tornem irreversíveis.