A ministra Anielle Franco fez declarações impactantes sobre sua experiência de importunação sexual envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Em um depoimento à Polícia Federal, ela afirmou que a situação se desenrolou ao longo de mais de um ano, começando com cantadas desrespeitosas e culminando em um nível de importunação que ela jamais poderia imaginar. "É algo que nenhuma mulher deveria passar", disse Anielle, enfatizando que essas situações são inaceitáveis.

Anielle explicou que seu relacionamento com Almeida começou durante a transição do governo, em dezembro de 2022, e revelou que não havia qualquer tipo de intimidade entre eles que justificasse as atitudes impróprias. "Nós nunca tivemos qualquer tipo de relação antes de trabalharmos no mesmo governo. Não havia justificativa para o que ele fez", ressaltou.

A ministra também fez uma distinção importante entre o flerte respeitoso e a importunação: "Precisamos entender a diferença entre se aproximar de alguém com respeito e agredir ou assediar. Isso não pode ser normalizado. A palavra da mulher deve ser respeitada e valorizada."

A revelação de Anielle segue após um conjunto de denúncias feitas pela ONG Me Too Brasil, que movimentaram o cenário político. Almeida foi demitido imediatamente após as acusações ganharem espaço na mídia. Anielle relatou sua experiência a membros do governo antes de levar o caso à Polícia Federal, embora não tenha sido questionada sobre isso em seu depoimento.

O ex-ministro, por sua vez, alegou que pediu sua demissão para permitir uma investigação justa e rigorosa sobre as acusações, afirmando que essa era uma oportunidade para provar sua inocência e reconstruir sua imagem.

Além disso, a Polícia Federal está adotando novos protocolos de investigação, visando proteger as denunciante e simplificar o processo para que as vítimas não tenham que reviver traumas repetidamente. Isso representa um avanço significativo na forma como casos de assédio, importunação e violência sexual são tratados no Brasil, podendo se tornar um modelo para futuras apurações.

Essa situação não só destaca a coragem das mulheres em se manifestar, mas também enfatiza a necessidade urgentíssima de uma mudança cultural em relação ao assédio sexual e à sua normalização na sociedade.