Tecnologia

Manobras para evitar colisões com lixo espacial se tornarão rotina na ISS

2024-11-27

Autor: Matheus

Lixo espacial é o termo utilizado para descrever uma variedade de objetos criados pelo ser humano que orbitam a Terra e não têm mais utilidade. Esses itens incluem restos de foguetes e satélites desativados. Recentemente, a Estação Espacial Internacional (ISS) passou por uma situação crítica, onde uma manobra evasiva foi necessária para evitar a colisão com um desses fragmentos.

Segundo informações da NASA, uma nave de carga russa Progress, acoplada à ISS, acionou seus propulsores no dia 19 de outubro para desviar a estação de um detrito que representava risco de impacto. Essa operação, chamada de “Manobra de Prevenção de Detritos Pré-determinada” (PDAM), envolveu a colaboração entre a NASA, a Roscosmos e outros parceiros.

Esse foi o 39º evento do tipo em que a ISS precisou realizar uma manobra evasiva e o primeiro deste ano. Um especialista da área indicou que, mesmo com a redução no número de registros de colisões nos últimos anos, esses eventos devem se tornar mais frequentes, uma vez que a quantidade de lixo espacial segue aumentando.

De fato, previsões mostram que um detrito se torna uma ameaça quando sua trajetória indica que pode se aproximar a menos de 50 km da estação. Vários fatores influenciam essa frequência, incluindo a atividade solar. Durante períodos de máximo solar, a atividade do Sol pode expandir a atmosfera da Terra, alterando a trajetória de objetos em órbita e aumentando a probabilidade de colisões.

Hugh Lewis, professor de astronáutica da Universidade de Southampton, compara essa situação a um fenômeno meteorológico: “Durante o máximo solar, é como se a chuva se intensificasse, aumentando as chances de que fragmentos de detritos cruzem a órbita baixa da ISS”. No entanto, até o momento, a intensa atividade solar em 2024 não elevou substancialmente o risco de colisões, com apenas uma manobra preventiva necessária até agora.

Além da atividade solar, os testes antissatélites (ASAT) realizados por várias nações também têm gerado uma quantidade alarmante de detritos espaciais. Em 2021, a destruição do satélite Cosmos-1408 pela Rússia gerou uma nuvem de detritos que afetou a ISS em repetidas ocasiões. Lewis alertou que essa prática irresponsável continua, já que países como China e Índia ainda não se comprometeram a interromper esses testes.

Recente pesquisa da Agência Espacial Europeia (ESA) revela que objetos com apenas 10 centímetros de diâmetro podem causar danos significativos às naves espaciais, e detritos em órbita viajam a impressionantes 29 mil km/h. Atualmente, existem cerca de 29 mil fragmentos de lixo espacial com mais de 10 cm, além de 170 milhões de detritos menores. Satélites como os da rede Starlink já realizaram milhares de manobras preventivas para evitar colisões.

A solução para este problema crescente pode estar em práticas mais responsáveis. Lewis sugere que a remoção de satélites da órbita ao final de suas missões é fundamental para evitar a criação de mais lixo espacial. Neste sentido, a colaboração entre agências espaciais e empresas privadas será essencial para desenvolver regulamentações eficazes. Um espaço limpo não apenas preserva as missões em curso, mas também garante um futuro mais seguro para a exploração espacial. A luta contra o lixo espacial é um esforço coletivo e urgente para proteger a integridade das nossas operações no cosmos.