Manobras para evitar lixo espacial na ISS se tornarão rotina obrigatória!
2024-11-27
Autor: Carolina
O lixo espacial é composto por todos os resíduos de artefatos criados pelo homem que orbitam a Terra sem cumprir mais funcionais úteis. Isso inclui fez as sobras de foguetes e satélites inativos, como o que recentemente quase colidiu com a Estação Espacial Internacional (ISS), obrigando uma manobra evasiva para evitar danos.
A NASA revelou que uma nave de carga russa Progress, acoplada à ISS, teve que ativar seus propulsores por mais de cinco minutos no dia 19 de setembro, às 17h09 (horário de Brasília). Esta manobra teve como objetivo afastar a estação de um fragmento de lixo espacial que representava uma séria ameaça de impacto.
Conhecida como “Manobra de Prevenção de Detritos Pré-determinada” (PDAM), esta operação foi realizada em colaboração com a NASA, Roscosmos e outros parceiros internacionais da ISS. O fragmento perigoso proveniente de um satélite meteorológico que foi desativado em 2015.
Com isso, a ISS teve de ser desvio 39 vezes desse tipo e essa foi a primeira manobra do ano de 2023. Apesar de uma aparente queda nas manobras de desvio desde 2020, especialistas advertam que essas manobras se tornarão cada vez mais comuns.
O que está gerando o aumento do lixo espacial?
A questão do lixo espacial está se tornando crítica, e isso se relaciona com vários fatores. Um deles é a atividade solar, que inclui eventos como ejeções de massa coronal e explosões solares. Esses fenômenos são cíclicos, ocorrendo em intervalos de cerca de 11 anos, e atualmente estamos em um período de máximo solar.
Durante esse auge de atividade solar, a atmosfera da Terra se expande, o que resulta em um aumento do arrasto sobre objetos em órbita, fazendo com que esses restos sejam puxados em direção à Terra em uma velocidade maior. Hugh Lewis, especialista em lixo espacial da Universidade de Southampton, compara isso a um aumento na intensidade de chuvas, onde a ocorrência de fragmentos se torna mais frequente.
Embora a atividade solar tenha aumentado em 2024, até agora a ISS teve apenas uma manobra necessária para evitar uma colisão, mas isso pode mudar rapidamente devido à crescente quantidade de lixo espacial.
E os testes de destruição de satélites?
O crescimento de satélites inoperantes em órbita é exacerbado por testes militares de destruição de satélites, conhecidos como ASAT. Esses testes geram detritos espaciais que persistem por longos períodos. Em 2022, diversas nações, incluindo os EUA, se comprometeram a não realizar esses testes, mas países como China, Rússia e Índia não aderiram ao acordo.
Um exemplo claro foi em 15 de novembro de 2021, quando um teste ASAT russo destruiu o satélite Cosmos-1408, contribuindo significativamente para o aumento nas manobras preventivas da ISS nos últimos três anos. Além disso, uma ação similar da China em 2007 com o satélite Fengyun-1C também intensificou o risco de colisões, colocando a ISS em um estado de vulnerabilidade.
A ameaça dos detritos ainda maiores
Em junho, por exemplo, fragmentos de outro satélite russo que se desintegrou em órbita fizeram com que astronautas se refugiassem em uma cápsula acoplada à ISS, pois a estação estava cercada por mais de 100 pedaços de lixo em sua proximidade. A situação foi crítica, pois uma colisão poderia perfurar a blindagem da ISS, levando a uma despressurização fatal.
De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), mesmo objetos pequenos, de apenas 10 centímetros, podem causar danos catastróficos a espaçonaves. Atualmente, existem cerca de 29 mil fragmentos maiores que 10 cm e cerca de 170 milhões de objetos menores seguindo a Terra. As operadoras de satélites Starlink, por exemplo, já precisaram realizar cerca de 75 mil manobras entre 2023 e 2024 para evitar colisões com detritos orbitais.
Como resolver essa crise de lixo espacial?
Para Hugh Lewis, a solução mais eficaz seria garantir que satélites sejam removidos de órbita ao final de suas missões, para que não se transformem em ameaças futuras, como será o caso da ISS, que contará com o suporte da SpaceX para tal.
Ele ressalta que muitas agências espaciais estão reconhecendo a necessidade de um comportamento responsável em órbita e que uma regulamentação adequada é vital para a segurança das missões espaciais. Manter o espaço limpa não apenas reduz a necessidade de manobras evasivas, mas também minimiza a possibilidade de perder satélites, assegurando a continuidade das investigações científicas e comerciais no cosmos.
Prepare-se: o futuro da exploração espacial dependerá da maneira como lidamos com o lixo que deixamos para trás!