A Nintendo está prestes a lançar o tão aguardado console Switch 2 em meio a uma intensa guerra comercial global, confiando que uma nova cadeia de suprimentos poderá mitigar o impacto das tarifas dos EUA. O sucesso desse novo aparelho, que promete ser ainda mais poderoso e atraente que seu antecessor, depende não apenas de sua tecnologia, mas também de fatores externos como as decisões do governo dos EUA.

Os fãs esperam ansiosamente a revelação oficial no dia 2 de abril, que coincide com a data em que Donald Trump anunciou tarifas recíprocas contra vários parceiros comerciais. O preço de lançamento do Switch 2 nos EUA poderá ser drasticamente influenciado por essas tarifas e pela estratégia da Nintendo em relação à sua cadeia de suprimentos.

O Switch original, lançado em março de 2017, revolucionou a forma como jogamos, combinando portabilidade com a experiência de console de mesa. Este sucesso resultou em mais de 150 milhões de unidades vendidas e uma impressionante valorização das ações da Nintendo.

Com o objetivo de atrair a enorme base de fãs, a Nintendo planeja um Switch 2 com uma tela maior e jogos de última geração. No entanto, a verdadeira chave para o sucesso poderá estar na produção deste novo aparelho. Desde a primeira administração Trump, a Nintendo tem deslocado sua produção para fora da China, e atualmente, mais da metade do seu hardware importado para os EUA vem do Vietnã e Camboja.

Robin Zhu, um analista da Bernstein, afirmou que o aumento da capacidade de montagem na Ásia pode ser vital para garantir que a Nintendo consiga atender à demanda durante o pico das vendas no fim de 2025, ano em que se esperam grandes lançamentos. Dados recentes indicam que centenas de milhares de unidades do Switch 2 já foram enviadas do Vietnã para os EUA, sugerindo que a Nintendo está se preparando para um lançamento em grande escala.

David Gibson, da MST Financial, mencionou que a Nintendo já enviou 383 mil unidades do Switch 2 ao longo de cinco dias em janeiro, todas destinadas ao mercado norte-americano. Ele acredita que essa movimentação foi fundamental para testar a logística antes da implementação de novas tarifas.

Enquanto a Nintendo se prepara, a Sony, fabricante do PlayStation, também acumulou estoques, destacando a pressão que muitas empresas estão enfrentando devido à guerra comercial. No entanto, a Nintendo é vista como uma das mais vulneráveis, especialmente com o iminente lançamento do Switch 2.

Ainda assim, as ações da Nintendo tiveram um desempenho notável, subindo quase 25% neste ano, com uma valorização de 5,3% no dia 26, após a Goldman Sachs emitir uma recomendação de "compra" e prever um envio de até 10 milhões de unidades no primeiro ano.

Entretanto, especialista alertam que o preço é um fator crucial para a aceitação do novo console, sendo imprescindível monitorar como isso irá afetar a penetração do produto no mercado. A nova capacidade de produção fora da China promete suavizar os riscos provenientes da guerra comercial, com expectativas de que as fábricas no Vietnã e Cambodja finalizem suas expansões este ano.

O futuro da Nintendo no mercado dependerá, em parte, da capacidade do Vietnã de evitar ser alvo das tarifas de Trump, o que pode impactar seu superávit comercial com os EUA.

Analistas afirmam que a Nintendo pode ter que ajustar seus preços com base nas tarifas que forem implementadas, mas a demanda reprimida pelo Switch 2 sugere que muitos consumidores estarão dispostos a pagar. Isso se torna ainda mais evidente considerando que o preço unitário do Switch 2, catalogado em US$ 338 (R$ 1.909,70), implicaria um preço final de aproximadamente US$ 399 (R$ 2.254,35), criando uma margem de segurança para as possíveis flutuações tarifárias.

O Switch original, lançado em 2015, teve um preço de US$ 299,99 (R$ 1.694,94), quase US$ 100 (R$ 565) mais barato do que o esperado para seu sucessor. Com tudo isso em jogo, a indústria dos videogames observa atentamente cada movimento da Nintendo em uma guerra comercial que pode moldar seu destino no futuro próximo.