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Mark Zuckerberg provoca Trump com crítica à Califórnia, revela ex-diretora da Meta

2025-01-14

Autor: Fernanda

Em uma recente mudança que tem gerado debates acalorados, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou que as equipes de moderação de conteúdo estão sendo deslocadas da Califórnia para estados considerados menos suscetíveis a preconceitos ideológicos, como Texas e Arizona. Katie Harbath, ex-diretora de assuntos governamentais da Meta, destacou que na verdade, essas equipes já estavam majoritariamente localizadas em redutos conservadores dos Estados Unidos.

Harbath expôs que essa decisão está ligada aos altos custos operacionais da Califórnia, como salários elevados e maior carga tributária, o que dificulta a organização dos funcionários para contestar a política de moderação ou expressar insatisfações. Assim, a mudança deve manter a dinâmica da moderação de conteúdo nas plataformas Facebook, Instagram e Threads praticamente inalteradas, apesar das promessas de Zuckerberg de promover uma maior liberdade de expressão.

“Vamos transferir nossas equipes de confiança, segurança e moderação de conteúdo para fora da Califórnia, e as revisões de conteúdo nos EUA serão baseadas no Texas. Isso ajudará a garantir que realizemos nosso trabalho em locais onde há menos preocupações com o viés de nossa equipe”, declarou Zuckerberg.

Para Harbath, a mudança tem um tom político que visa agradar figuras proeminentes como Donald Trump e Elon Musk, que recentemente transferiu a sede do X (ex-Twitter) para o Texas. “As eleições americanas influenciam o comportamento da companhia em todo o mundo pelos próximos quatro anos,” complementou. O cenário político dos EUA, onde os republicanos, incluindo Trump, dominam o Congresso e a Suprema Corte, também foi destacado.

O Partido Republicano (GOP) já vinha pressionando as mídias sociais por mudanças na moderação, acusando-as de censurar conteúdos que ofendem minorias como LGBTQIA+ e migrantes. Harbath afirmou que Zuckerberg cedeu à pressão do GOP e a política de moderação foi ajustada para permitir ofensas a essas comunidades.

João Victor Archegas, do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, reforçou que a menção ao Texas simboliza uma adesão ao trumpismo, especialmente após este estado aprovar leis que penalizam plataformas de redes sociais que etiquetam ou removem postagens. Essa política foi criada após a remoção de uma reportagem do New York Post sobre o filho de Joe Biden, Hunter Biden, que se tornou um tema controverso em termos de liberdade de expressão e política de moderação.

As novas diretivas exigem que as plataformas forneçam um relatório anual explicando as restrições impostas, numa tentativa de contrabalançar a percepção de viés contra conservadores. No entanto, a Meta, juntamente com outras entidades, questiona a legalidade dessas leis, que atualmente está sob análise da Suprema Corte.

A escolha do Texas como novo centro de operações também sugere um apoio ao modelo de regulação que prioriza a liberdade de expressão em detrimento de um controle mais rigoroso, como o que é defendido na Europa. Harbath alertou que essa guinada republicana pode intensificar a pressão da big tech sobre o modelo regulatório americano, contrastando com as exigências europeias mais alinhadas com a proteção da informação e dados dos usuários.

Enquanto isso, ela aponta que o Brasil e a Índia são mercados estratégicos para a Meta, indicando que a empresa pode direcionar mais atenção e recursos para esses países. O alinhamento de Zuckerberg com a agenda republicana e sua relação com líderes como Trump deve continuar gerando debates sobre o futuro da moderação de conteúdo nas plataformas digitais.