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Massacre no Haiti: Líder de Gangue Acredita em Vodu e Causa a Morte de 180 Pessoas

2024-12-09

Autor: Carolina

Um trágico episódio aconteceu em Citée Soleil, uma das áreas mais esquecidas e violentas de Port-au-Prince, no Haiti, onde aproximadamente 180 pessoas foram brutalmente assassinadas no último fim de semana. O gabinete do primeiro-ministro haitiano confirmou a atacada às autoridades nesta segunda-feira (9).

Os ataques foram ordenados por Monel "Mikano" Felix, líder de uma gangue, que acreditava que seu filho havia adoecido devido a feitiçaria vodu praticada por idosos da comunidade. A maioria das vítimas eram pessoas idosas, com mais de 60 anos.

"Uma linha vermelha foi ultrapassada", afirmou o gabinete do primeiro-ministro, que prometeu mobilizar todas as forças para capturar os responsáveis, incluindo Felix. A Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH), uma ONG que monitora a situação no Haiti, relatou que pelo menos 110 das vítimas eram idosas, mas acredita-se que o número total de mortos pode ser ainda maior devido ao massacre indiscriminado que se seguiu.

Testemunhas relataram cenas assustadoras, com corpos mutilados sendo queimados nas ruas. Alguns jovens também foram mortos enquanto tentavam proteger os moradores.

A violência começou após a doença do filho de Felix, que procurou conselhos de um sacerdote vodu que o convenceu de que os idosos eram responsáveis pela feitiçaria contra a criança. A RNDDH mencionou que o filho de Felix faleceu no sábado (7), o que desencadeou a onda de violência.

A Reuters ainda não conseguiu verificar de forma independente os fatos relatados e Felix não fez comentários sobre as acusações até agora.

A situação em Citée Soleil é agravada pela extrema pobreza e pela falta de recursos, com as gangues exercendo um controle absoluto sobre a área, incluindo restrições ao uso de telefones celulares, o que dificulta a comunicação entre os moradores e o compartilhamento de informações sobre a tragédia.

Em meio a uma crise política interna, o governo haitiano luta para combater a crescente onda de violência das gangues, que são responsáveis por assassinatos, sequestros e uma grave escassez de alimentos em todo o país. Em 2024, a violência das gangues resultou na morte de milhares de pessoas à medida que ampliavam seu controle sobre regiões da capital ainda não dominadas.

Uma missão de segurança da ONU foi solicitada pelo Haiti em 2022 e aprovada em 2023, mas até o momento, a força foi apenas parcialmente implantada e carece de recursos. Os líderes haitianos pediram que a missão fosse convertida em uma força de manutenção da paz da ONU para garantir melhores condições e suporte, mas a proposta encontra resistência da China e da Rússia no Conselho de Segurança da ONU.

Este massacre evidencia a crescente crise humanitária no Haiti, onde o levantamento de grupos armados tem levado à deterioração das condições de vida, à insegurança alimentar e à violação dos direitos humanos. A comunidade internacional observa com preocupação a repressão brutal e a incapacidade do governo de proteger os cidadãos.