Médica e família condenados por tráfico e lavagem de dinheiro na Bahia
2025-04-03
Autor: João
Na última terça-feira (1), a Justiça da Bahia condenou seis membros de uma mesma família por envolvimento em uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro, na Comarca de Feira de Santana.
Entre os condenados está a médica Larissa Gabriela Lima Umbuzeiro, de 30 anos, que foi identificada como uma das líderes do núcleo financeiro da quadrilha. As penas impostas variam de 5 a 16 anos de prisão, e os réus têm a possibilidade de recorrer em liberdade.
A investigação, que teve início em 2019, revelou que a organização, sob a liderança de Rener Umbuzeiro – falecido no ano passado durante um confronto com a polícia – estava em operação há décadas em Feira de Santana, abastecendo o mercado local com drogas ilícitas e lavando dinheiro por meio da aquisição de bens de luxo e propriedades rurais.
A família, oriunda do sertão pernambucano, se estabeleceu na Bahia com o intuito de expandir suas atividades criminosas. O esquema de lavagem de dinheiro era sofisticado e incluía a compra de imóveis e propriedades agrícolas em nome de "laranjas", visando esconder a origem ilícita dos recursos.
A Justiça também determinou o confisco definitivo de bens avaliados em milhões de reais, com a apreensão de 11 imóveis, 15 veículos e mais de 500 cabeças de gado, o que evidencia a grande magnitude das operações da organização criminosa.
Mãe e filha, Niedja e Larissa Umbuzeiro, foram descritas como as principais responsáveis pelo núcleo financeiro, liderando a gestão e o fluxo de ativos ilícitos, além da organização da ocultação patrimonial. Larissa atuava diretamente na coordenação das operações de lavagem de dinheiro.
Outros condenados incluem Clânia Maria Lima Bernardes (irmã de Niedja), Paulo Victor Bezerra Lima (esposo de Larissa), Gabriela Raizila Lima de Souza (sobrinha de Niedja) e Robélia Rezende de Souza, que desempenhavam funções de "laranjas" ao registrar bens e movimentar dinheiro em nome da organização.
Essa condenação decorre da “Operação Kariri”, desencadeada pela Polícia Federal em fevereiro de 2024, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA).
As investigações conduzidas pelo MPBA e pela PF conseguiram reunir uma vasta gama de provas, incluindo apreensões de maconha, indícios de plantio, informações policiais, relatórios de inteligência financeira (COAF/UIF), interceptações telefônicas e telemáticas, e documentos relacionados a transações imobiliárias e bancárias.
Curiosamente, a médica Larissa, que possui um histórico médico respeitável, agora enfrenta a ruína de sua carreira e reputação. Esta história serve como um alerta sobre os laços perigosos entre corrupção, crime organizado e o papel de profissionais de saúde no Brasil. A sociedade se questiona: como a criminalidade se infiltrou em setores tão respeitáveis? E quais são as consequências disso para a confiança pública na medicina.