A clínica da Zona Leste de São Paulo onde uma mulher faleceu durante um procedimento de hidrolipo foi interditada pela Prefeitura. O médico responsável, Josias Caetano dos Santos, já enfrentou 21 ações judiciais por supostos erros nas suas práticas médicas, incluindo uma condenação em 2021 que o obrigou a pagar R$ 50 mil de indenização a uma paciente que passou por abdominoplastia. Essa cirurgia, realizada em uma clínica de sua propriedade, resultou em complicações sérias, como necrose da pele.

A paciente que sofreu necrose havia feito a cirurgia em 2017 e, ao relatar dores e secreção, foi aconselhada a esperar por Josias antes de procurar um novo hospital, onde foi diagnosticada com infecção grave e necessitou de internação na UTI. Sua luta contra as consequências da cirurgia culminou em um processo judicial que denunciava o descaso do médico.

Tragicamente, o mesmo médico está agora no centro da investigação do falecimento de Paloma Lopes Alves. Ela sofreu uma parada cardiorrespiratória minutos após ser levada à sala de recuperação pós-operatória em 24 de outubro de 2023. Apesar dos esforços da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Paloma chegou sem vida ao Hospital Municipal do Tatuapé, o que resultou no registro da morte como suspeita.

De acordo com informações do marido de Paloma, Everton Silveira, a paciente pagou R$ 10 mil pelo procedimento, o qual foi agendado após contato via redes sociais e realizado em uma clínica estético. A falta de comunicação e a demora no atendimento ao ligar para o Samu geraram angústia e desespero durante os momentos finais de Paloma.

A hidrolipo, também conhecida como lipoaspiração tumescente, envolve a injeção de uma solução de anestésico e soro fisiológico para tornar a cirurgia menos dolorosa. Embora descrita como menos invasiva e mais barata do que a lipoaspiração convencional, esse tipo de procedimento pode acarretar graves riscos à saúde se não realizado em condições adequadas.

Com o aumento de casos de complicações relacionadas a procedimentos estéticos e a notoriedade negativa que isso traz à área médica, a sociedade se pergunta: é hora de um olhar mais atento à regulamentação dessas práticas? Os casos de negligência e os riscos envolvidos nos procedimentos estéticos precisam ser discutidos com seriedade e urgência.