A menopausa marca o fim da vida reprodutiva das mulheres, sendo oficialmente reconhecida após 12 meses sem menstruação. No Brasil, a média de idade para o início desse processo é aos 48 anos, que acontece em duas etapas: a perimenopausa, quando os primeiros sintomas começam a aparecer, e a pós-menopausa.

Um tema cercado de tabu e preconceito

Apesar de afetar uma grande parte da população — com dados do Censo de 2022 mostrando que 51,5% da população brasileira é feminina —, a menopausa ainda é um assunto cercado por tabus e desinformação. Apenas 28% dos brasileiros acreditam que a menopausa é representada de forma positiva na sociedade, cai para 24% entre aquelas que já passaram por essa experiência. Globalmente, este número é ainda mais alarmante, chegando a apenas 19%.

Um dado preocupante é que 65% dos entrevistados apontam a menopausa como um tema tabu, levando a um desconforto generalizado ao se discutir sobre o assunto. Ainda mais alarmante é o fato de que 66% acreditam que os sintomas da menopausa não são levados a sério, com esse número subindo para 72% entre aquelas que vivem a menopausa.

Sintomas variados e o impacto na saúde da mulher

Existem mais de 50 sintomas associados ao período de perimenopausa e pós-menopausa. Esses sintomas englobam questões cognitivas, físicas, urogenitais e vasomotoras, sendo que mais de 80% das mulheres relatam sintomas vasomotores como ondas de calor e suores noturnos, os quais afetam significativamente sua qualidade de vida e seriam a principal razão para a busca por tratamento.

Embora 30% das pessoas se considerem bem informadas sobre os sintomas da menopausa, 17% confessam ter pouco ou nenhum conhecimento sobre o tema. Para aquelas que já vivenciaram a menopausa, 42% dizem conhecer bem os sintomas, mas esse conhecimento global cai para apenas 26%.

“A menopausa é uma realidade que não pode ser negligenciada. O silêncio e a falta de entendimento sobre ela causam um impacto significativo na saúde e na qualidade de vida das mulheres,” afirma a ginecologista Thaís Ushikusa, ressaltando a urgente necessidade de se abordar o tema de forma aberta.

Desafios no ambiente profissional

O impacto da menopausa também se reflete na vida profissional. Estima-se que 47% das brasileiras experimentaram consequências negativas no trabalho em decorrência dessa fase, incluindo 26% que relatam redução na produtividade, 17% que hesitam em compartilhar suas experiências com colegas e 9% que enfrentaram discriminação. Aqui surge um dado intrigante: somente 29% se sentem à vontade para discutir sua menopausa com seus superiores.

Comparativamente, globalmente, 36% das mulheres relatam impactos negativos no local de trabalho, com 17% enfrentando redução na produtividade. O que chama a atenção é que 80% dos entrevistados acreditam que as mulheres na menopausa não recebem o suporte necessário no ambiente de trabalho, e 49% afirmam que elas encontram barreiras à progressão na carreira durante essa fase de suas vidas.

O que pode ser feito?

Diante deste cenário, as especialistas alertam: “Com quase metade das mulheres passando por impactos negativos no trabalho, é imperativo que os empregadores tomem a iniciativa de promover ações de conscientização, fornecendo recursos e criando um ambiente de trabalho inclusivo. Isso permitirá que essas mulheres prosperem durante este período tão crucial de suas vidas”, destaca Maria Celeste Osório Wender, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

A menopausa é uma fase natural da vida da mulher, que merece ser tratada com respeito e compreensão, tanto na esfera pessoal quanto profissional. A educação e a empatia são essenciais para quebrar os tabus e garantir uma melhor qualidade de vida durante essa transição.