Saúde

'Meu filho desenvolveu paralisia cerebral após cinco picadas de escorpião'

2025-03-26

Autor: Gabriel

A jornalista Adriana Caitano Ribeiro, de 38 anos, viveu um pesadelo que mudaria sua vida para sempre na madrugada do início de 2023. Seu filho, Thomas, que na época tinha apenas 2 anos, acordou chorando muito e, ao investigar, ela e seu marido descobriram que ele havia sido picado por um escorpião.

Moradores de Brasília, a família agiu rapidamente e levou Thomas ao hospital, onde recebeu atendimento urgente com soro antiescorpiônico. Apesar dos esforços médicos, a situação do pequeno se agravou, e ele acabou desenvolvendo paralisia cerebral em decorrência das complicações que enfrentou após a picada. Hoje, com 4 anos, Thomas requer cuidados especiais, e Adriana teve que remodelar completamente sua rotina para prover uma melhor qualidade de vida ao filho.

Uma Luta Incansável

Adriana conta que, após receber a notícia da gravidade da situação, decidiu lutar por Thomas, mesmo quando sua esperança era praticamente nula. No hospital, após um quadro crítico que incluiu paradas cardíacas e uma complicação que exigiu o uso de ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), Thomas ficou em coma induzido por cinco dias. Esse período trágico foi marcado por 27 procedimentos cirúrgicos, incluindo intervenções para tratar o edema cerebral.

A transformação que a tragédia trouxe à vida da família foi drástica. “Aprendemos a ser da área da saúde”, revela Adriana, mencionando que agora acompanhavam tudo, desde o manejo de secreções até a administração de alimentação por bomba. A rotina se tornou um longo caminho de superação, marcado por altos e baixos, mas repleto de esperança.

Depois de 100 dias na UTI, Thomas foi diagnosticado com paralisia cerebral. Essa condição não é reversível, mas Adriana está determinada a oferecer tudo que o filho precisa para continuar se desenvolvendo, mesmo que isso signifique adaptar suas expectativas sobre o que significa ser mãe e o que é a infância.

Desafios do Dia a Dia

A vida pós-hospital foi um desafio. A família precisou reestruturar a casa para adequá-la às novas necessidades de Thomas e, ao mesmo tempo, Adriana enfrentava a luta interna entre voltar ao mercado de trabalho e estar ao lado do filho. A pressão e o estresse acabaram levando a um aumento de peso e crises de ansiedade. Em busca de uma solução mais viável, Adriana e seu marido decidiram abrir uma cafeteria juntos, permitindo-lhes flexibilidade e a oportunidade de estarem próximos de Thomas.

Um Novo Começo na Educação

Recentemente, descobriram a existência da educação precoce para crianças com desafios, onde Thomas começou a progredir notavelmente. Ele já está no ensino infantil e suas interações melhoraram consideravelmente. As educadoras estimulam habilidades de comunicação que antes não eram exploradas em casa, mostrando que, apesar das adversidades, existe um caminho possível para o desenvolvimento.

Adriana reflete sobre a inclusão e ressalta a importância de se pensar sobre isso antes de se viver uma experiência semelhante. "Meu filho não deixou de ser criança", afirma. "Ele precisa continuar a se sentir como tal, mesmo diante de suas limitações."

Em Busca de Informação e Conhecimento

A situação de Thomas abriu uma batalha por informações sobre paralisia cerebral, que muitas vezes é subestimada ou mal compreendida. Adriana expressa uma profunda insatisfação com a falta de pesquisas voltadas ao impacto que doenças e complicações podem ter na vida de uma criança saudável, como aconteceu com Thomas após as picadas de escorpião.

Paralisia cerebral não é uma sentença, mas uma condição que exige cuidados e amor incondicional. Adriana continua sua jornada, dia após dia, buscando maneiras de ajudar seu filho e ao mesmo tempo levantando a voz para a conscientização sobre a condição. Cada pequeno progresso de Thomas é celebrado como uma grande vitória, e ela espera que mais pais como ela encontrem apoio e informação para enfrentar situações semelhantes.