O presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), anunciou sua participação na Cúpula de Líderes do G20, prevista para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.

Em uma carta dirigida ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Milei expressou sua disposição para "contribuir com a presidência brasileira para o êxito da reunião", destacando a importância desse evento global.

Um dos principais objetivos de Milei na cúpula será promover a assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Em setembro, Lula mencionou que se as condições estivessem favoráveis, a assinatura do tratado poderia ocorrer durante o encontro.

Desde 1999, o Brasil vem tentando estabelecer esse acordo, que visa reduzir a carga tributária sobre importações de bens e serviços. Embora o acordo tenha sido assinado em 2019 no governo de Jair Bolsonaro, ele ainda não foi ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos.

Após a reeleição de Lula em 2023, as negociações foram reabertas devido às novas exigências ambientais apresentadas pela UE, acirrando a urgência de um entendimento que beneficie ambos os blocos econômicos.

Esta será a primeira vez que os presidentes Milei e Lula se encontrarão pessoalmente. A relação entre os dois tem sido marcada por tensões e trocas de críticas, especialmente durante a campanha eleitoral argentina em 2023. Milei já chamou Lula de "corrupto" e questionou seus ideais políticos, enquanto Lula comparou o estilo do libertário ao de Bolsonaro, dizendo que ambos atuam "contra o sistema".

Lula também não compareceu à posse de Milei em dezembro de 2023, enviando o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em seu lugar. A relação continua conturbada e, em junho de 2024, Lula fez críticas a Milei, sugerindo que ele deveria se desculpar por suas declarações, enquanto Milei, por sua vez, reiterou suas acusações de corrupção contra o presidente brasileiro.

Em julho, Milei participou da Conferência de Política Ação e Conservadora (Cpac) no Brasil, mas não se reuniu com Lula, optando por se encontrar com Bolsonaro. A ausência de Milei na Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em julho, realizada no Paraguai, também foi um sinal das tensões ainda persistentes entre os líderes na América do Sul.

Com a Cúpula do G20 se aproximando, será interessante ver se os dois presidentes conseguem estabelecer um diálogo construtivo e como eles abordarão a crítica situação política e econômica da América do Sul.