Ciência

Missão Europeia da ESA vai Estudar Asteroide Desviado pela NASA

2024-10-04

A missão DART da NASA, realizada em 2022, marcou um marco histórico ao desviar um asteroide de sua órbita pela primeira vez. Agora, dois anos depois, a missão Hera da Agência Espacial Europeia (ESA) está pronta para investigar de perto os resultados dessa impressionante operação.

Desde o início, a NASA e a ESA tinham planos de colaboração. O projeto, que originalmente se chamava AIDA (um acrônimo para Verificação de Impacto e Deflexão de Asteroide), foi iniciado em 2013 e previa o envio de duas espaçonaves: a europeia AIM (Asteroid Impact Mission) seria a primeira a ser lançada, com a missão de orbitar e estudar o asteroide Didymos antes da colisão da DART com sua lua, Dimorphos. Entretanto, a ESA enfrentou dificuldades financeiras e a AIM foi cancelada, dando lugar à Hera – uma missão similar, mas que se dedicará a estudar o sistema Didymos-Dimorphos após o impacto da DART, com um custo estimado em 350 milhões de euros.

A janela de lançamento da Hera se inicia na próxima segunda-feira (7) e vai até o dia 27, utilizando um foguete Falcon 9 da SpaceX. A companhia americana está se esforçando para retomar suas operações de lançamento após uma anomalia com o segundo estágio durante a recente missão Crew-9 à Estação Espacial Internacional (ISS). É crucial garantir não apenas a missão Hera, mas também o lançamento da sonda Europa Clipper, que está a caminho de Júpiter.

A trajetória da Hera incluirá um sobrevoo de Marte em março de 2025, que servirá como um teste para seus instrumentos e como um impulso gravitacional para alcançar o sistema Didymos-Dimorphos em dezembro de 2026.

A DART focou na colisão direta com Dimorphos, na direção oposta ao seu movimento orbital, com a expectativa de que isso alterasse ligeiramente sua órbita. O impacto, ocorrido em 26 de setembro de 2022, foi um sucesso, reduzindo o período orbital de Dimorphos em quase 33 minutos, superando as expectativas iniciais, o que significa que a técnica de desvio de asteroides usando impacto cinético é promissora. Telescópios, incluindo o projeto SOAR, que conta com participação brasileira, detectaram uma trilha de detritos de 10 mil km após o impacto.

Esses resultados são encorajadores para os esforços de proteção da Terra contra asteroides, particularmente dada a classificação do Dimorphos como um objeto potencialmente perigoso (tendo cerca de 150 metros) e o Didymos com impressionantes 780 metros.

Enquanto a DART teve como objetivo a colisão, a Hera irá aprofundar o conhecimento sobre as características dos asteroides. Graças à cratera aberta pela DART em Dimorphos, será possível estudar suas propriedades internas, enquanto Didymos também será analisado.

A nave Hera possui 1.128 kg e estará equipada com cinco instrumentos, entre eles três câmeras (uma para o espectro visível, outra para infravermelho e uma terceira com múltiplas faixas entre visível e infravermelho próximo), um altímetro a laser e um sistema de rádio.

Além disso, dois cubesats menores, Milani e Juventas, farão observações adicionais dos asteroides e, possivelmente, realizarão um pouso suave em Dimorphos. A missão principal da Hera pode também incluir um pouso na superfície de Didymos, embora nenhum dos dispositivos tenha sido especificamente projetado para isso, representando uma oportunidade adicional para coletar dados.