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Mistério em Paris: Polícia Francesa se Recusa a Receber Pertences de Brasileiro Desaparecido

2024-12-02

Autor: Lucas

A luta por respostas continua: a polícia francesa não aceitou receber duas malas fechadas com senha e o iPhone de Flávio de Castro Sousa, um brasileiro desaparecido em Paris desde a última terça-feira (26).

Três amigos de Sousa - Rafael Basso, professor de filosofia; Pablo Araújo, fotógrafo; e o francês Alex Gautier, estudante de moda - levaram os pertences do fotógrafo mineiro à delegacia do quinto distrito da capital francesa nesta segunda-feira (2), na esperança de que a análise rápida desses objetos pudesse oferecer pistas sobre seu paradeiro.

Gautier, que conversou com Sousa na noite de seu desaparecimento, detalhou à Folha as últimas interações que teve com o brasileiro. "A gente trouxe [as malas e o celular] na expectativa de que pudesse abrir na frente da polícia", explicou Basso. Contudo, a polícia informou que o caso foi delegado a uma brigada especializada em desaparecimentos e que a abertura dos pertences de Sousa seria feita apenas no momento apropriado da investigação.

"Disseram que o tempo deles não é o mesmo da família", lamentou Basso. Em um desenvolvimento relevante, os amigos de Sousa serão recebidos pelo adido da Polícia Federal brasileira na França, Luiz Roberto Ungaretti de Godoy, para discutir o caso nesta terça-feira (3). Eles esperam que as malas possam ser abertas durante esse encontro.

Um alerta de "desaparecimento inquietante" foi emitido para todos os hospitais e delegacias do país, uma prática comum nestes casos. O Consulado-Geral do Brasil em Paris afirmou que está em contato constante com a família de Sousa e com as autoridades francesas, demonstrando a seriedade com que a situação é tratada.

As malas e o celular estão sob a custódia dos amigos desde quarta-feira (27), após serem encontrados no apartamento que Sousa havia alugado desde 1º de novembro. Seu retorno ao Brasil estava previsto para um voo da Latam no dia 26.

No dia do desaparecimento, Gautier foi a última pessoa a ver Flávio, que mencionou estar organizando suas malas e planejando um passeio noturno. Em um desvio trágico, anotações indicaram que, por volta das 12h do dia 26, Sousa enviou uma foto de uma pulseira de emergência do Hospital Georges Pompidou, revelando que havia caído no rio Sena e permanecido no hospital devido a uma hipotermia. Naquela data, as temperaturas em Paris foram alarmantemente baixas, com mínimas chegando a 8°C.

Gautier, em um ato de preocupação, se dirigiu ao apartamento de Sousa após não receber respostas suas mensagens e encontrou a luz acesa, mas ninguém para abrir a porta. A imobiliária que gerenciava o aluguel confirmou que uma faxineira havia encontrado as malas e itens de higiene, mas sem sinais do fotógrafo.

Em um relato de angústia, Gautier revelou que o celular de Sousa foi encontrado em um vaso de flores do lado de fora de um bistrô no 16º distrito de Paris, a poucos quilômetros do hospital. A mãe de Flávio, viúva e residente em Candeias (MG), escreveu uma carta autorizando a abertura das malas e o desbloqueio do celular, mas isso não foi suficiente para convencer a polícia francesa.

Por fim, as últimas postagens de Sousa no Instagram mostram momentos de sua viagem, incluindo fotos de lugares icônicos de Paris e de Amiens, onde esteve antes do seu desaparecimento. Em Belo Horizonte, ele é proprietário de uma empresa de fotografia de eventos, a Toujours, e viajou para Paris com o sócio Lucien Esteban para fotografar um casamento de conhecidos.

A comunidade brasileira na França aguarda ansiosamente mais informações e, enquanto isso, a busca por Flávio continua com um sentimento crescente de urgência e esperança.