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Motociclistas e Carros Inteligentes: Por que há Conflitos no Trânsito?

2024-09-29

Autor: Mariana

Com a evolução dos automóveis modernos, o uso de tecnologias de segurança como os Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor (ADAS) se tornou comum. Esses sistemas têm o potencial de melhorar a segurança nas estradas, mas, no trânsito caótico das cidades brasileiras, especialmente em lugares como São Paulo, a interação entre carros inteligentes e motociclistas pode resultar em complicações perigosas.

Motociclistas: a 'interferência' indesejada

Os ADAS, que incluem sensores que ajudam a identificar pontos cegos e a manter o veículo na faixa, são projetados para ambientes mais controlados. Porém, a dinâmica do trânsito brasileiro, repleta de motociclistas que transitam entre os veículos, desafia a eficácia desses dispositivos. Movimentações rápidas e imprevisíveis dos motoristas de moto podem ativar os sensores dos carros, provocando reações inesperadas. Resultados como os freios bruscos ou a ativação de luzes de emergência são apenas alguns exemplos de como essa interação pode ser confusa e, potencialmente, perigosa.

Um caso que exemplifica essa problemática aconteceu com um GWM Haval H6, cujo sistema ADAS acionou o alarme e as luzes de emergência ao detectar um motociclista se aproximando rapidamente. A montadora informou que seu sistema, chamado Adas 2+, é sensível a situações de proximidade, mas pode ser configurado pelo motorista.

Tecnologia em xeque

Os sistemas ADAS empregam uma variedade de sensores, câmeras e radares para monitorar o espaço ao redor dos veículos. A Mercedes-Benz, por exemplo, utiliza sensores ultrassonicos e radares para lidar com diferentes distâncias e ângulos, mas mesmo com toda essa tecnologia, é incapaz de prever movimentos súbitos de motociclistas no trânsito.

Em nota, a Mercedes-Benz ressaltou que, embora ofereça assistências de nível SAE 2, a responsabilidade de manter atenção plena ao trânsito ainda recai sobre o motorista, especialmente em ambientes de tráfego intenso e imprevisível.

Possíveis ajustes e a educação no trânsito

Flavio Sakai, da Associação dos Engenheiros Automotivos, destacou que, teoricamente, seria possível otimizar os sistemas ADAS para melhor se adequar às particularidades do trânsito no Brasil. Contudo, essas adequações não são simples e exigem testes rigorosos para assegurar a segurança de todos os motoristas.

Leimar Mafort, especialista na área, menciona que a calibração dos sistemas ADAS deve considerar a diversidade de situações enfrentadas pelos motoristas. Ele lembrou que o ABS evoluiu ao longo dos anos em resposta às críticas sobre sua sensibilidade.

Entretanto, mesmo com o avanço das tecnologias, a educação no trânsito continua a desempenhar um papel fundamental. Um estudo da AAA Foundation for Traffic Safety sugere que, até 2050, as tecnologias ADAS poderão evitar milhões de acidentes; no entanto, isso não diminui a urgência de investimentos em educação para motoristas e melhorias na infraestrutura das vias.