Múcio: Prisão de Braga Netto Era Prevista e Causa 'Constrangimento'
2024-12-17
Autor: Mariana
O ministro da Defesa, José Múcio, confirmou que estava ciente das operações da Polícia Federal na véspera da prisão do ex-ministro Braga Netto, mas afirmou que não tinha conhecimento dos nomes dos envolvidos. Múcio revelou que foi informado pelo General Tomás Paiva, comandante do Exército, logo às 6h15 do sábado, durante a prisão de Braga Netto, que uma das operações ocorria na residência do ex-ministro. "Poucas pessoas acreditam que nós não somos avisados", declarou Múcio, subestimando a ideia de que haveria um grande segredo em torno da operação.
A prisão de Braga Netto ocorreu um dia antes da alta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, ao deixar o hospital, ressaltou que o ex-ministro tem "todo o direito à presunção de inocência". Este acontecimento criou um clima de incerteza nas forças armadas, levando Lula a questionar Múcio sobre a situação no "ambiente das Forças". A tensão entre os militares e o governo civil se intensificou, dado o histórico vínculo de Braga Netto com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Reforma da Aposentadoria dos Militares
Múcio também abordou a proposta de lei que altera a aposentadoria dos militares, mencionando que teve um breve diálogo com Lula sobre o tema. Ele pontuou que a proposta será encaminhada ao plenário e, em seguida, deverão fazer as adaptações necessárias. A nova legislação exige que os militares atinjam a idade mínima de 55 anos para se aposentar, uma mudança significativa considerando que atualmente não há idade mínima estipulada.
O ministro enfatizou a dificuldade de reformar o sistema de aposentadorias militares, destacando que as promoções na carreira são interdependentes. "Se um militar na frente é parado, todos os demais ficam retidos também", explicou Múcio, alertando para o que se chama de 'empoçamento', onde muitos coronéis e majores estão em posições que podem limitar o avanço de outros na hierarquia devido à longa duração das carreiras militares.
Lula em São Paulo
No segundo dia após sua alta, Múcio informou que Lula está "ótimo" de saúde e até se movimentando mais do que deveria, segundo sua equipe médica. As médicas responsáveis pelo acompanhamento do presidente chegaram cedo em sua residência, sem fazer declarações à imprensa. Os cuidados de segurança ao redor da casa de Lula foram intensificados, com policiais federais e seguranças à paisana reforçando a proteção desde o último domingo.
Na manhã de terça-feira, duas moradoras da região levaram flores e um cartão para Lula, desejando-lhe uma pronta recuperação. A previsão é que o presidente permaneça em São Paulo até a quinta-feira, 19, quando realizará uma tomografia no hospital Sírio-Libanês. Após isso, sua expectativa é retornar a Brasília, onde pode ter uma reunião com ministros na sexta-feira, 20.
Os ministros Fernando Haddad, Alexandre Padilha e Rui Costa visitaram Lula no dia anterior, onde Haddad discutiu a agenda legislativa da pasta no Congresso, enfatizando a necessidade de que as medidas não sejam "desidratadas". O clima político continua tenso, com a sociedade atenta ao desdobramento desses eventos que abalam as estruturas do governo e das forças armadas.