Nação

Mulher denuncia erro em teste de HIV que levou bebê a tratamento desnecessário por 28 dias

2024-10-14

Autor: Pedro

Tatiane Andrade, uma dona de casa de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, trouxe à tona um grave erro médico que impactou a vida de sua recém-nascida. Ao realizar o exame de HIV durante o parto, um resultado falso positivo fez com que sua filha, Gabrielle, recebesse um coquetel de medicamentos de tratamento para soropositivos por 28 dias.

Além deste acontecimento trágico, o laboratório PCS Lab Saleme, onde o teste foi realizado, já está no foco de maiores investigações. Recentemente, o hospital foi associado a infecções por HIV em pelo menos seis pacientes que passaram por transplantes no Rio de Janeiro. Esta segunda-feira (14) foi marcada pela prisão de duas pessoas e a busca por outras duas envolvidas na investigação.

Gabrielle nasceu prematura, com apenas 7 meses, e, devido ao falso positivo, não pode ser amamentada para evitar uma suposta transmissão do HIV. Tatiane, de 30 anos, foi forçada a tomar medicação para secar seu leite, tudo isso somado a um profundo estresse emocional e preocupação com a saúde da filha.

No desespero, Tatiane relembra a manhã em que recebeu a notícia devastadora: "Meu mundo acabou. Eu implorava a Deus para que minha filha não tivesse nada de errado." O teste positivo foi assinado por Walter Vieira, um dos sócios do laboratório, que enfrenta agora diversas acusações por falsificação de laudos.

Após a revelação de casos de infecção em transplantes, Tatiane decidiu agir. Ela registrou um boletim de ocorrência na 56ª Delegacia de Polícia, buscando justiça não só para sua filha, mas para todas as vítimas desse erro.

Relatos de angústia

Tatiane descreveu a agonia de quase um mês até que a situação fosse esclarecida. Após um teste aprofundado em outro laboratório, ficou feliz ao descobrir que tanto ela quanto seu marido estavam saudáveis, mas não sem antes ter vivido dias de tortura emocional.

“Foi horroroso. Eu tinha que me desculpar com meu esposo, achando que havia o contaminado,” contou. O ciclo de incerteza foi encerrado apenas após um novo teste em 10 de outubro, que deu negativo.

A situação levantou questionamentos sobre os protocolos médicos em questões de HIV. Especialistas afirmam que, embora haja necessidade de iniciar o tratamento imediatamente quando um teste rápido sugere um resultado positivo, é vital que testes confirmatórios sejam realizados para evitar situações como a de Tatiane.

Tatiane agora se vê obrigada a reviver a dor do passado, passando em frente ao laboratório e ao hospital que, segundo ela, roubaram momentos preciosos de sua maternidade. "Estou buscando justiça e espero que esses erros não se repitam com outras mães e bebês," finalizou.

Este caso evidencia a importância de ouvir e revisar processos laboratoriais e médicos, pois o que aconteceu com Tatiane e Gabrielle poderia acontecer com qualquer um. É um chamado à ação para que os protocolos sejam aprimorados e que erros desse tipo sejam eradicas.

Esse caso reacendeu discussões sobre a responsabilidade dos laboratórios na comunicação dos resultados dos testes, especialmente em situações sensíveis como partos e saúde neonatal. Mais detalhes sobre a atuação do PCS Lab e novas medidas de segurança foram prometidos por autoridades competentes, em resposta a este incidente alarmante.